PSICOSE LÚPICA EM ADOLESCENTE COMO DIAGNOSTICO DIFERENCIAL DE DOENÇAS PSIQUIÁTRICAS PRIMÁRIAS

INTRODUÇÃO: Lupus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença autoimune, com apresentação variada, de difícil reconhecimento. Quando há manifestações neuropsiquiátricas antes da confirmação, pode ser confundido com quadro primário e tratado como tal. DESCRIÇÃO DO CASO: Adolescente, 16 anos, feminina, parda, procedente de Tutoia-MA, apresentou, em 2014, rash maculo-papular generalizado, alopecia, unhas frágeis e febre recorrente. Após 3 meses, associou-se artrite e perda ponderal. Em abril de 2017, iniciou perda de memória, confusão mental, alucinações auditivas e visuais, oscilações do humor e tentativas de automutilação, afastando-se das atividades escolares. Encaminhada ao Psiquiatra, introduziu-se Risperidona, Escitalopram e Clonazepam. Após dois meses, solicitou-se FAN, este reagente. Suspeitando-se de psicose lúpica, procedeu-se internação hospitalar. Encontrava-se calma, pouco interativa, desorientada. Áreas de alopecia em couro cabeludo, máculas hipocrômicas em ombros e onicomicose. Leucopenia e neutropenia discretas, função renal e hepática normais, VHS aumentado, FAN reagente em núcleo/placa metafásica (1:320), anti-DNA dupla-hélice, anti-RNP e anti-SM reagentes, estabelecendo-se diagnóstico de LES. Ressonância Magnética de crânio com redução volumétrica encefálica difusa sem predomínio lobar. Iniciado Fluconazol e Ceftriaxona. Programada realização de pulsoterapia com Metilprednisolona e Ciclofosfamida. Mantido medicações psicotrópicas. Após estabilização, procedeu-se seguimento em ambulatório de especialidades pediátricas. DISCUSSÃO: A psicose pode ser a apresentação inicial do LES, indicando atividade de doença, com neuroimagem normal. Há correlação da clinica à presença de anticorpos como anti-DNA. Convulsões e psicose são critérios clássicos para LES neuropsiquiátrico, ocorrendo em até 20 dos casos, podendo ser consequência de isquemia, aterosclerose precoce ou morbidades associadas. CONCLUSÃO: O conhecimento das manifestações do LES é fundamental para a condução dos casos em que os sintomas neuropsiquiátricos são os iniciais ou os mais evidentes, devendo-se descartar causas orgânicas secundárias em transtornos psiquiátricos agudos.