Introdução: O Pneumotórax Espontâneo (PE) Primário é incomum em crianças e adolescentes, sendo na maioria das vezes de causas idiopáticas. O uso de Vaping vem aumentando e, em 2019, identificou-se aumento súbito de lesões pulmonares agudas, possivelmente, relacionadas ao uso. Apresentamos um caso de PE, possivelmente associado a Vaping visto a ausência de outras justificativas clínicas.
Descrição do caso: Paciente, 15 anos, feminina, apresentou na madrugada queixa de dor torácica súbita à esquerda, de forte intensidade e dispneia. Nega tosse ou outros sintomas. Radiografia de tórax realizada na emergência evidenciou Pneumotórax à esquerda. Foi submetida a drenagem pleural fechada em sistema de selo d´água. A tomografia de tórax evidenciou duas bolhas de enfisema subpleurais no extremo ápice do pulmão esquerdo medindo conjuntamente 2,8×2,2cm. Devido a persistência do Pneumotórax realizou-se bulectomia. Em revisão clínica paciente informou uso social de Vaping, negando uso de cigarros convencionais porém sendo fumante passiva. Amenorreia há mais de um ano. Sem outros achados.
Discussão e Conclusão: ´PE está associado a doenças pulmonares crônicas, (Asma, Fibrose Cística) mas, na maioria dos casos, é idiopático. O Tabagismo é fator de risco bem estabelecido na formação de PE, e evidências recentes demonstram associações com uso de Vaping, porém sem correlações bem estabelecidas. O vaping está associado a múltiplos processos pulmonares, incluindo dano alveolar difuso, pneumonia lipóide exógena, derrame pleural bilateral, pneumonia eosinofílica aguda e pneumonite aguda por hipersensibilidade. A hipótese é de que a inalação do produto químico causa inflamação do parênquima que promove um afinamento tecidual, gerando bolhas e por consequência o Pneumotórax que pode ser recorrente. Como os adolescentes podem não informar usar Vaping, é importante que o pediatra conheça as complicações do uso e atue na cessação do Vaping.