INTRODUÇÃO
Pneumonia necrotizante (PN) é uma complicação incomum de pneumonias na infância, com incidência em aumento. Usualmente associada a empiema e fístulas broncopleurais. São insidiosas sem reposta aos antibióticos e com necessidade de intervenção cirúrgica.
DESCRIÇÃO
Escolar de 4 anos, masculino, com espectro autista, deu entrada no PSI com história de febre de 10 dias, hiporexia, prostração e desconforto respiratório progressivo. Nega internações previas, vacinas atualizadas, sem uso de medicação continua. História familiar sem antecedentes relevantes. Apresentava desconforto respiratório intenso, RX evidenciando velamento completo do hemotórax direito, acoplado a VNI com pouca melhora e encaminhado a UTI.
Na UTI, intubado e drenado tórax, com liquido pleural: neutrófilos 92% monócitos 5% linfocitos 3% pH 6,86 glicose <5mg/dl proteínas 6 g/dl albumina 2,2 g/dl amilase 34 u/l DHL 51673 u/l, ADA 304,9, BK em escarro: 3 amostras negativas. Cultura - Streptococcus pneumoniae.
Manteve débito purulento em dreno, febre diária, realizado Toilette torácico e ampliado antibioticoterapia para Vancomicina e Meropenem. Solicitada tomografia: pneumotórax com colapso parcial do pulmão direito, hipótese de fistula bronco pulmonar. Realizado toracotomia e lobectomia de lobo inferior à direita. Após procedimento, RX evidenciou pneumotórax bilateral, sendo drenado hemitórax esquerdo e decorticação de pulmão direito. Paciente evoluiu com melhora radiológica e clínica, retirados drenos e dado de alta.
DISCUSSÃO
Pneumonia necrotizante, ocorre em menos de 1% das pneumonias na infância. O Pneumococo e Staphylococcus aureus são os patógenos isolados em hemoculturas e cultura de líquido pleural. A resposta à antibioticoterapia é parcialmente eficaz sem o desbridamento do tecido necrótico, sendo necessárias intervenções cirúrgicas para reduzir a progressão do dano tecidual objetivando recuperação da capacidade funcional e redução de complicações. A mortalidade em pediatria é baixa.
CONCLUSÃO
Pneumonia necrotizante é uma complicação rara das pneumonias adquiridas na comunidade. O manejo terapêutico deve ser clinico e cirúrgico precoce para evitar progressão e complicações mais graves.
