PNEUMONIA E SÍNDROME HEMOFAGOCÍTICA SECUNDÁRIAS À INFECÇÃO POR EPSTEIN-BARR

Objetivo: Relatar caso de paciente com mononucleose causando pneumonia e evoluindo com síndrome hemofagocítica, com boa recuperação. Descrição: Paciente masculino, 9 anos, com história de febre, fraqueza e mialgia há 9 dias. Procurou serviço de saúde em cidade de origem, onde foi realizada radiografia de tórax, demonstrando infiltrado difuso, com diagnóstico de pneumonia, iniciando tratamento com Ceftriaxone. Após 4 dias, paciente mantinha picos febris diários, sendo repetida radiografia de tórax, com piora do infiltrado bilateralmente. Foi trocada medicação por Vancomicina e Meropenem, mantendo febre após 3 dias. Foi encaminhado ao serviço de referência e, na admissão, foram colhidos exames laboratoriais, demonstrando leve leucocitose com desvio até bastonetes e PCR: 56,5 e radiografia de tórax, com condensação bilateral até terço superior pulmonar. Foi ampliado espectro para cobertura de germes atípicos e H1N1, sendo iniciado Oseltamivir e Azitromicina. A tomografia de tórax mostrou apenas consolidações pulmonares com broncogramas aéreos bilaterais. Devido persistência de picos febris diários, em 3 a 4 episódios, variando de 37,8 a 40,6ºC com linfonodos palpáveis em cadeias cervicais, axilares e inguinais, foram colhidas sorologias para infecções mono-likes, positiva para mononucleose. Paciente evolui com pancitopenia e neutropenia persistente, sendo aventada hipótese diagnóstica de Síndrome Hemofagocítica, com exames demonstrando DHL e ferritina elevados, e mielograma, com achado de hemofagocitose. Foi iniciado tratamento com Prednisolona, cessando febre no dia seguinte. Paciente evolui assintomático, recebendo alta hospitalar, com acompanhamento em ambulatório de Hematologia. Comentários: A infecção primária pelo vírus Epstein-Barr é comum, sendo a mononucleose infecciosa a síndrome clínica mais conhecida. Geralmente é assintomática, mas pode apresentar fadiga, faringite e linfadenopatia. No entanto, deve-se ter cuidado especial na infância, pois os sintomas atípicos são mais prevalentes, podendo envolver diversos sistemas. A síndrome de ativação macrofágica também deve ser considerada, uma vez que há relação entre mononucleose e manifestações auto-imunes.