PERFURAÇÃO ILEAL COMO COMPLICAÇÃO DE APENDICITE GRAU IV

INTRODUÇÃO

Uma das principais urgências cirúrgicas pediátricas, com maior incidência na segunda década de vida, principalmente em meninos, entre 10 e 15 anos, é a Apendicite aguda, ocasionada pela obstrução do lúmen apendicular e subsequente infecção bacteriana.

CASO CLÍNICO

Paciente, 12 anos, masculino, admitido na emergência pediátrica, apresentando dor abdominal, em região periumbilical e fossa ilíaca direita (FID) há 8 dias, com piora há 2 dias, quando iniciou quadro de vômitos, diarreia, hiporexia e febre. Ao exame físico apresentava abdome globoso, doloroso a palpação em FID, peristalse presente, sem visceromegalias e sinais de irritação peritoneal. Laboratório: 13,8g/dL hemoglobina, 41% hematócrito, 20.100% leucócitos com desvio para esquerda (até metamielócitos), e presença de granulações tóxicas, proteína C-reativa 35,1mg/L (VR: até 1mg/L). Solicitada ultrassonografia abdominal, que exibiu presença de linfonodos em FID e Tomografia Computadorizada de abdome evidenciando apendicite, através de concreção densa em FID e densificação da gordura adjacente. Foi iniciado antibioticoterapia profilática e intervenção cirúrgica com apendicectomia e ileocolectomia à direita, coletado amostras para o anatomopatológico, que concluiu respectivamente: 1) segmento de cólon direito com infiltrado inflamatório neutrofílico, material fibrino-necrótico e área de perfuração com congestão vascular e edema, 2) apendicite aguda supurada, foram isolados 31 linfonodos reacionais. Posteriormente foi encaminhado para UTI pediátrica, apresentando boa evolução clínica.

DISCUSSÃO

Estudos evidenciam que o uso de antibioticoterapia profilática e no pós-cirúrgico reduzem complicações pós-operatórias. Os mesmos devem assegurar cobertura, principalmente contra microrganismos anaeróbios e gram-negativos.

CONCLUSÃO

Apesar do diagnóstico ser primordialmente clínico, o hemograma, proteína C-reativa e exame de imagem são solicitados na rotina diagnóstica, permitindo uma melhor acurácia. É fundamental o reconhecimento de manifestações atípicas da doença na infância, e a realização de exame físico cuidadoso e anamnese detalhada, para que haja diagnóstico e tratamento precoce, diminuindo o tempo de internação e possíveis complicações