PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA SEPSE PEDIÁTRICA, NO CONTEXTO DA PANDEMIA DE COVID-19, EM UM HOSPITAL TERCIÁRIO: DIFERENÇAS ENTRE OS ANOS 2021 E 2022.

INTRODUÇÃO: A pandemia da COVID-19 interferiu no perfil clínico-epidemiológico das crianças hospitalizadas em todo o mundo, gerando impacto no direcionamento de recursos e mudança no perfil sazonal das doenças, especialmente as infecções respiratórias. O distanciamento social das crianças e adolescentes, incluindo a modalidade de aulas virtuais, contribuíram para esta mudança.
OBJETIVO: Descrever as características clínico-epidemiológicas dos pacientes incluídos no protocolo institucional gerenciado “Sepse Pediátrica” de um hospital privado, em Salvador-BA, entre os anos de 2021 e 2022, comparando-as.
MÉTODOS: Trata-se de um estudo observacional retrospectivo, que descreve as principais características de crianças com sepse pediátrica, segundo definição do Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS, 2019). Os dados foram extraídos do prontuário informatizado, através da análise dos acionamentos do protocolo, gerenciados mensalmente, utilizando-se a estatística descritiva para comparar os grupos.
RESULTADOS: Ocorreram 64 acionamentos do protocolo em 2021, com 50 casos confirmados de sepse (78%). Em 2022, foram 161 acionamentos com 129 confirmados (80%), exibindo um aumento de 158% dos eventos. Neste estudo houve leve predominância do sexo feminino e da faixa etária entre 2 e 5 anos incompletos. Mais de 90% dos casos foram de origem comunitária, porém com diferença marcante do foco infeccioso: 26% foco urinário, 23% foco pulmonar e 21% foco gastrointestinal em 2021, enquanto em 2022 46% foram de foco pulmonar (aumento de 100%) e apenas 8% de foco urinário (redução de cerca de 70%). Não ocorreram óbitos por sepse nesta amostra.
CONCLUSÃO: o presente estudo expõe o aumento dos casos de sepse em 2022, com predominância do foco pulmonar, demonstrando reaproximação do perfil à epidemiologia histórica da sepse pediátrica. Uma possível causa para tal é a flexibilização das medidas de distanciamento social, com normalização da rotina das crianças e retorno às aulas presenciais, acarretando maior ocorrência de doenças infectocontagiosas, especialmente as infecções respiratórias e suas complicações.