PARACOCCIDIOIDOMICOSE FORMA JUVENIL EM ALDEIA INDÍGENA SUL-MATO-GROSSENSE

INTRODUÇÃO:
Paracoccidioidomicose (PCM) é uma importante micose sistêmica descrita em 1908. No Brasil, a maioria dos casos tem sido relatada nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, sendo de caráter endêmico da zona rural.
Por ser rara na faixa etária pediátrica e apresentar quadro clínico pouco específico, apresenta diagnóstico tardio. O agente etiológico é o fungo termodimórfico Paracoccidioides brasiliensis .
A doença na forma aguda/subaguda (juvenil ou da adolescência) equivale a 3-5% dos casos, ocorrendo linfonodomegalias superficiais e profundas, com supuração de massa ganglionar, hepatoesplenomegalia e sintomas digestivos, cutâneos e osteoarticulares, além de anemia, febre e emagrecimento. É raro comprometimento pulmonar.
DESCRIÇÃO DO CASO:
Paciente J.V.B.C., sexo masculino, 5 anos de idade, pardo, procedente de Dourados, admitido na UTI pediátrica com quadro clinico de 3 meses de evolução, caracterizado com febre diária, êmese pós-prandial, diarreia , hiporexia, astenia, presença de vários linfonódulos (cervicais e torácicos), perda ponderal, associado ao aumento de volume abdominal e dispneia. Paciente previamente hígido, residia em reserva indígena (rural) até setembro/22, quando mudou-se para área urbana .
Exame físico inicial: REG, MEN, emagrecido, hipocorado, abdome globoso, ascítico, piparote positivo, linfonódulos importantes, em fronte 4 cm, região supraclavicular 2 cm, massa cervical 3 cm diâmetro. Vários pequenos < 1 cm palpáveis em cadeias auriculares, cervicais, inguinal. Lesões abscedadas em 1º e 3º pododáctilos pé direito, 2º e 4º pododáctilos de pé esquerdo dolorosas, perfusão <3seg, pulsos cheios, com edema 2+/4+. Exames laboratoriais na entrada HMG: anemia com desvio a esquerda, provas inflamatórias positivas, hipoalbumionemia e alteração de coagulação. Biópsia de lesão retroperitoneal 23/12/2022: doença fúngica leveduriforme compatível com paracoccidioidomicose. CONCLUSÃO: O diagnóstico padrão ouro é o achado do fungo em amostras de líquidos ou biópsia tecidual. As provas sorológicas têm importância no auxílio diagnóstico, como também avaliam a resposta. Tratamento baseia-se em suporte de complicações clínicas e terapêutica antifúngica. O paciente respondeu satisfatoriamente à terapêutica, com melhora clínica e laboratorial.