PARACOCCIDIOIDOMICOSE (BLASTOMICOSE SUL AMERICANA) AGUDA/SUBAGUDA DISSEMINADA

Introdução: Paracoccidioidomicose é uma doença fúngica sistêmica, granulomatosa, que não poupa nenhum sistema do organismo, afeta pessoas previamente hígidas. Causa doença pulmonar isolada ou disseminada levando a infecção fatal, se não tratada. Pouco comum na faixa etária pediátrica.
Relato de caso: Trata-se de criança de 9 anos, sexo feminino, oriunda de zona rural, previamente hígida, carteira vacinal completa. História de perda ponderal de 6kg em 2 meses, anemia moderada e linfonodomegalias. Fez tratamento com AAS e ferro oral, devido à plaquetose, embora plaquetometria inferior à 1.000.000/mm. Evoluiu com dor abdominal de moderada intensidade e febre por uma semana, realizado ultrassonografia abdominal com evidência de expressiva massa de linfonodos abdominais, sem efeito compressivo. Aventada hipótese diagnóstica de linfoma, internada para complementar propedêutica e direcionar o tratamento. À admissão, apresentava-se hipocorada, prostrada, com linfonodos palpáveis em região cervical bilateral, retroauriculares, axilares e inguinais, endurecidos, aderidos, não dolorosos, maior com cerca de 3cm de diâmetro. Tomografias contrastadas de tórax, abdome e pelve: linfonodos aumentados em cadeias cervicais com até 1,5cm no maior eixo, linfonodomegalias no cavo axilar bilateral com até 2,3 cm e supraclaviculares com até 1,5cm. Linfonodomegalias confluentes retroperitoneais de aproximadamente 12cm. Considerou-se diagnóstico diferencial, paracoccidioidomicose, forma subaguda, devido a área endêmica e epidemiologia sugestiva, além de marcadores de síndrome de lise tumoral inalterados, com LDH baixa. Realizada biópsia de linfonodo cervical, com confirmação de paracoccidioidomicose. Optado por iniciar tratamento hospitalar com anfotericina B convencional (1mg/kg/dia), recebida dose acumulada de 20mg/kg. Realizado USG de abdome, com aparente regressão dos linfonodos abdominais em relação ao exame de imagem anterior. Após uso da dose acumulada, e melhora clínica, iniciado itraconazol 200mg/dia para continuidade do tratamento ambulatorialmente.
Conclusão: Doença com evolução e sintomatologias variadas, se não tratada, pode ser incapacitante e fatal, deve ser considerada como hipótese diagnóstica em áreas endêmicas, embora seja pouco comum na clínica pediátrica.