ÓBITOS NEONATAIS ASSOCIADOS À ASFIXIA PERINATAL NO ESTADO DE SÃO PAULO: TEMPO DE SOBREVIDA E VARIÁVEIS EPIDEMIOLÓGICAS DE 2004 A 2013

Introdução: A asfixia perinatal consiste-se numa das principais causas de mortalidade neonatal em nosso meio. Compreender as variáveis associadas ao tempo de sobrevida pode auxiliar na elaboração de estratégias que reduzam óbitos evitáveis por essa causa. Objetivo: Analisar tempo de sobrevida e variáveis epidemiológicas associadas a esse tempo em nascidos vivos que morreram com asfixia perinatal de 2004-2013 no Estado de São Paulo (ESP). Método: Estudo populacional dos óbitos com asfixia perinatal ocorridos de 0-27 dias em 2004-2013 no ESP. Definiu-se asfixia perinatal como presença de hipóxia intrautero, asfixia ao nascer ou aspiração neonatal de mecônio em qualquer alínea da Declaração de Óbito (CID 10, OMS). Realizou-se pareamento da Declaração de Óbito com sua respectiva Declaração de Nascido Vivo por vinculação determinística. Empregou-se curva de Kaplan-Meier para analisar tempo de sobrevida e modelo de regressão de riscos proporcionais de Cox para determinar variáveis associadas a esse tempo. Resultados: Em 2004-2013, nasceram 5.825.014 RN com IG 8805,22semanas, peso 8805,500g sem anomalias congênitas no ESP. Destes, 31.224 morreram em 0-27 dias, dos quais 6.648 (21) óbitos com asfixia perinatal. A mediana do tempo de sobrevida foi de 24,0-27,7 horas (p=0,40) ao longo dos dez anos. À análise multivariada, ajustando-se pelo ano, as variáveis associadas ao menor tempo de sobrevida foram: nascimento fora do município de São Paulo, óbito no mesmo município de nascimento, nascimento não hospitalar, pré-natal com 4 consultas, parto vaginal, IG 22-27semanas, escore Apgar 1°minuto 0-3, cor/raça branca e sexo feminino. Conclusão: Ao contrário do esperado, o tempo de sobrevida dos nascidos vivos que evoluíram a óbito associado à asfixia não aumentou no decorrer dos dez anos, sendo as primeiras 24 horas após parto o período mais crítico. As variáveis associadas ao menor tempo de sobrevida apontam para múltiplas oportunidades de intervenção para evitar mortes neonatais associadas à asfixia perinatal.