O TEA E A SELETIVIDADE ALIMENTAR: RELATO DE CASO

Introdução:
O Transtorno do espectro autista (TEA) é uma síndrome do neurodesenvolvimento caracterizada pelo prejuízo social em diferentes graus. O diagnóstico é realizado pelos dados clínicos, teste de triagem (MCHAT) e avaliação multidisciplinar. Uma característica prevalente dentro do espectro é a seletividade presente em 80 a 90% dos casos, dividida em sensorial ou alimentar, limitando suas interações com objetos e alimentos pela textura, cores, formas e temperaturas, gerando alterações gastrointestinais em até 90% dos portadores da seletividade. Nosso objetivo é reforçar a prevalência da seletividade alimentar e a importância do tratamento.
Relato de Caso:
Menino 11 anos, autista, se alimentava apenas de líquidos, sem tolerância aos alimentos sólidos. Evoluiu com parada de aceitação da dieta, realizado internação após piora do estado geral. Diagnosticado com desnutrição grave, peso de 20kg e estatura de 127cm, menores que percentil 3. Apresentava constipação crônica por alteração mecânica intestinal, tomografia de abdome evidenciando sub-oclusão intestinal, indicado colostomia e realizado biópsia com presença de células ganglionares, sugestiva de megacólon funcional.
Discussão:
O TEA apresenta manifestações clínicas que se caracterizam por dificuldade de socialização, interesses restritos e comportamentos repetitivos. A seletividade alimentar está presente na maioria das crianças com TEA, devido a sensibilidade sensorial oral, textura, cheiros, falha em aceitar novos alimentos, diferentes formas de preparo. Os sintomas gastrointestinais também são comuns nos pacientes, sendo os mais comuns a dor abdominal crônica, constipação, flatulências, refluxo e vômitos.
A reabilitação precoce realizada por uma equipe multidisciplinar e um ambiente familiar estruturado estimulam o desenvolvimento, tornando-se imprescindível no tratamento e melhora da funcionalidade social.
Conclusão:
O início do tratamento multidisciplinar precoce permite que os pacientes não evoluam desfavoravelmente como neste caso. As terapias trazem resultado significativo na melhora clínica do paciente e, portanto, torna-se indispensável para manejo do TEA e seus agravantes.