O PAPEL DA ULTRASSONOGRAFIA NO DIAGNÓSTICO DE MICROLITÍASE TESTICULAR

Introdução: A microlitíase testicular (MT) consiste na presença de cinco ou mais calcificações nos testículos, visíveis na ultrassonografia (US). Estima-se sua prevalência em 0,6 a 6,7 na população geral e, na infância, 1 a 5. Descrição dos casos: Caso 1: Adolescente, 11 anos, queixando-se de dor testicular bilateral há duas semanas. Estadiamento de Tanner G2P2. Foi operado de hidrocele à direita aos dois anos, que recidivou aos seis anos. Seis meses após, foi submetido à herniorrafia inguinal à esquerda. Caso 2: Escolar, 9 anos, queixando-se de dor testicular unilateral há 18 horas. Tanner G2P1, sem história prévia de cirurgias. Nos dois casos, não há relato de trauma e, ao exame clínico, possuem genitália externa masculina, testículos tópicos sem sinais flogísticos e negam dor à elevação mecânica. US com Doppler de bolsa escrotal revelou testículos no plano longitudinal com inúmeras imagens puntiformes ecogênicas, distribuídas difusamente no parênquima, com volumes preservados para ambos. Encontram-se em acompanhamento ambulatorial de urologia, sendo o primeiro caso com ressonância magnética anual há 4 anos. Discussão: Apesar de ser, majoritariamente, um achado acidental e assintomático, a MT pode cursar com orquialgia e se associar a doenças testiculares, como hidrocele. O tratamento é conservador e a possibilidade de desenvolvimento tumoral e a infertilidade são preocupações existentes durante o acompanhamento da doença, o que a configura como uma condição de importante investigação e diagnóstico precoce. Conclusão: Diante dos casos, nota-se a importância da solicitação de US de bolsa escrotal com Doppler a partir da queixa de orquialgia, para auxiliar no diagnóstico diferencial com as causas de escroto agudo, além de ser necessário o acompanhamento com exame de imagem anual e autoexame para controle de possível infertilidade e processos tumorais.