MAUS TRATOS EM LACTENTES E A IMPORTÂNCIA DO OLHAR ATENTO DO PEDIATRA AOS SINAIS QUE LEVEM A SUSPEIÇÃO DESSA SITUAÇÃO

Introdução: A violência física caracteriza-se pelo uso da força física de forma intencional, exercida por parte de pessoas próximas à criança ou ao adolescente, com o objetivo de ferir, lesar, provocar dor e sofrimento, podendo inclusive levar à morte, deixando ou não marcas evidentes.
Descrição do caso: paciente, feminino, 4 meses e 28 dias, é trazida pela mãe ao atendimento pediátrico por choro constante e vômitos. No exame físico foram identificadas equimoses no pescoço e deformidade no antebraço esquerdo do lactente. Realizados raio x que demonstrou fraturas em arcos costais e fratura em rádio esquerdo, aventando-se a hipótese de maus tratos. Coletado cariótipo que excluiu hipótese de osteogênese imperfeita. Realizada Tomografia Computadorizada de arcos costais que observou presença de múltiplas lesões ósseas assimétricas, envolvendo diversos arcos costais, bilateralmente, em sua maioria com formação de calo ósseo adjacente, compatível com fraturas em diferentes fases evolutivas. A paciente ficou internada até a audiência que confirmou violência dos pais para com o menor.
Discussão: Essa forma de violência é responsável por 25% dos abusos à criança e é a maior responsável por mortes. O diagnóstico depende de um olhar atento do profissional da saúde, para suspeitar dessa situação clínica, a qual é embasada no conjunto de dados obtidos por meio da anamnese, exame físico e complementares. Preconiza-se a avaliação radiológica em crianças menores de 2 anos, mesmo não havendo evidência de trauma ósseo ao exame físico. São sugestivas de violência as fraturas espiraladas, especialmente de membros superiores ou inferiores em crianças que ainda não andam, e as fraturas múltiplas bilaterais em diferentes estágios de consolidação e achados de fraturas sem histórico clínico que as justifique.
Conclusão: Enfrentar a violência requer o empenho de uma equipe multiprofissional garantindo maior segurança no atendimento e nas decisões, nunca esquecendo de realizar as notificações e denúncias institucionalmente