MASTURBAÇÃO INFANTIL: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO: A masturbação ou fenômeno de gratificação infantil caracteriza-se por comportamento de autoestimulação com tendência a se tornar hábito. Geralmente não é reconhecido por pediatras e médicos generalistas, resultando em erros diagnósticos.
RELATO DE CASO: Paciente do sexo feminino, 8 anos, reside com pais e irmão, em boa dinâmica familiar. Escolaridade regular, com boa socialização. Gestação sem intercorrências e parto cesáreo a termo. Desenvolvimento neuropsicomotor sem alteração. Aos 08 meses, começou a apresentar movimentos de abdução de pernas, espontâneos. Com o desenvolvimento, o comportamento evoluiu com presença da mão em genitália, tornando-se extenuante. Aos 02 anos iniciou psicoterapia de base analítica, sem melhora. Testes projetivos descartaram possibilidade de abuso sexual. Aos 05 anos realizou avaliação psiquiátrica e neurológica, sem alterações. Eletroencefalograma (EEG), Vídeo EEG, Tomografia Computadorizada de crânio, Ressonância Magnética de encéfalo e dosagens hormonais sem alterações, a despeito da presença de microadenoma em hipófise, que foi investigado pela endocrinopediatria, descartando-se correlação. Apresentou melhora com o uso de paroxetina 7,5 mg e aripiprazol 4 mg, além de psicoterapia de base cognitiva comportamental. Após tentativa de desmame da medicação os movimentos retornaram. Segue em acompanhamento. Antecedentes: Tio paterno com diagnóstico de transtorno bipolar do humor.
DISCUSSÃO: A masturbação infantil geralmente tem início entre um e cinco meses, predominando no sexo feminino. Pode ocorrer nas posições prona, supina e lateral, ocasionalmente ou várias vezes ao dia, durar de um minuto a horas e parar com distração. Epilepsia, dor abdominal, distonia paroxística e discinesia são os principais erros diagnósticos, resultando na solicitação extensiva de exames e medicamentos. A observação direta é fundamental e a gravação em vídeo pode ser uma importante ferramenta diagnóstica.
CONCLUSÃO: O pediatra deve estar preparado para lidar com as preocupações dos pais em relação a esses atos e estar familiarizados com os diagnósticos diferenciais para chegar a um diagnóstico final.