INTRODUÇÃO
O Lúpus Eritematoso Neonatal (LEN) apresenta acometimento fetal caracterizado por bloqueio cardíaco congênito isolado e manifestações cutâneas e hematológicas. Discutiremos um caso de LEN e suas repercussões.
DESCRIÇÃO
Recém-nascido a termo, sexo masculino, nascido de parto cesáreo, APGAR 8/8, 39 semanas, filho de mãe diagnosticada no pré-natal com lúpus eritematoso sistêmico. Evidenciou-se em USG obstétrico de 29 semanas bradicardia fetal, mantida após medidas iniciais, sendo realizada IOT em sala de parto e dopamina em UTI neonatal. Com 2 dias de vida implantado marca passo.
Aos 2 meses, foi admitido com queixa de lesões eritematosas há 1 dia em tronco, mãos e pés, em bom estado geral, afebril, FC: 120 bpm, fígado palpável a 2 cm do RCD e baço a 0,5 cm do RCE, petéquias difusas pelo corpo, principalmente em palato, tronco e membros. Em exames laboratoriais apresentava Hb 10,1g/dL, leucócitos de 10,4 mil/mm³ sem desvio e 9 mil/mm³ plaquetas.
Pelas manifestações hematológicas, foi aventada a hipótese de LEN, realizada pulsoterapia com metilprednisolona (30mg/kg) por 3 dias e imunoglobulina dose única (1g/kg), evoluindo com melhora das lesões cutâneas e padrões laboratoriais, com plaquetas normalizadas (306 mil/mm³). Após tratamento inicial recebeu alta com prednisolona (1) por 4 dias, com desmame gradual.
DISCUSSÃO
Os pacientes com a LEN podem ser classificados de acordo com o envolvimento cardíaco. Alguns apresentam comprometimento isolado ou manifestações clínicas, dentre elas as hematológicas e cutâneas. Este caso evoluiu com importante plaquetopenia (9mil/mm³), com a série vermelha e branca inalteradas. Diagnostico é feito por medida de anticorpos e hemograma e o tratamento baseia-se em imunoglobulina e corticoterapia.
CONCLUSÃO
O acometimento cardíaco mais comum em recém nascidos é bloqueio átrio ventricular total, sendo o tratamento mais adequado o implante de marca passo. Manifestações hematológicas são incomuns e transitórias, sendo necessário tratamento quando valores muito baixos.