LESÃO HIPÓXICO-ISQUÊMICA APÓS AFOGAMENTO POR SUBMERSÃO: UM RELATO DE CASO.

Introdução: O afogamento é um problema de saúde pública mundial, com resultados impactantes na faixa etária pediátrica. O atendimento imediato da vítima é fator decisivo no prognóstico: manobras de reanimação cardiopulmonar (RCP) instituídas precocemente, trazem uma melhora impactante na morbimortalidade desses pacientes. Descrição do caso: I.G.R, 2 anos, feminina, diagnosticada previamente com transtorno do espectro autista, é recebida no Hospital Universitário de Canoas (HU) com história de afogamento seguido de parada cardiorrespiratória com duração de aproximadamente 32 minutos. No primeiro atendimento, chegou em atividade elétrica sem pulso, sendo reanimada por 2 ciclos até o retorno da circulação espontânea. Durante a RCP, a paciente é entubada, estabilizada e, após, encaminhada à UTI pediátrica do HU. Na chegada, encontra-se parcialmente sedada, sendo ventilada mecanicamente, hipotérmica e apresentando tremores e rigidez em membros inferiores. Durante a internação, apresentou-se febril e secreção espessa em tubo endotraqueal (TET), sendo necessário antibioticoterapia e equipe multiprofissional para reabilitação. Paciente permaneceu com TET por 3 dias e, após extubação, alternou entre períodos de ventilação não invasiva e ventilação espontânea com oxigênio suplementar. Neurologicamente, apresentava pupilas isofotorreagentes, espasticidade, olhar vago e sem interação com examinador. Visto estabilização do quadro, paciente é transferida para enfermaria e o serviço de assistência social foi acionado, a fim de orientar a família quanto a necessidade de suporte multidisciplinar e tecnológico em domicílio, devido às sequelas neurológicas, para que, enfim, pudesse receber alta. Discussão: O afogamento representa cerca de 360 mil mortes anualmente no mundo, sendo a maioria crianças entre 1 e 4 anos. A maior morbimortalidade associada ao afogamento não fatal é devido à hipóxia cerebral. Conclusão: Dado que pelo menos 10-30% das crianças com danos cerebrais precisam de reabilitação a longo prazo, é imperioso uma equipe interprofissional para dar suporte aos familiares e orientar sobre prevenção para evitar novos acidentes.