INTUBAÇÃO DIGITAL: ALTERNATIVA PARA GARANTIR VIA AÉREA SEGURA EM RECÉM-NASCIDOS

Introdução: A intubação neonatal (IOT) pode representar um momento estressante até mesmo para equipes de pediatras experientes.
A Intubação Digital (ID), técnica descrita no século XIX, utiliza-se do dedo indicador para colocação do tubo na região glótica do recém nascido (RN), sem utilização do laringoscópio.
A cânula é justaposta ao dedo indicador que conjuntamente são introduzidos na boca, deslizando sobre a superfície da língua até a epiglote, que é identificada pela polpa digital da falange distal do indicador, permitindo a introdução do tubo nas cordas vocais. O procedimento é realizado “às cegas”.
Relato de caso: RN com idade gestacional (IG) de 38+ 2 semanas e peso: 3125 g, suspeita da síndrome Optiz bbb, que entre outras malformações apresentava fenda palatina e labial. Necessitou de IOT desde o nascimento e foi extubado com 4 dias de vida. Após 6 horas em ventilação não invasiva, evoluiu com desconforto respiratório importante, após múltiplas tentativas de IOT através da técnica convencional (TC), sem êxito, foi optado por realizar ID.
O procedimento foi realizado com sucesso na primeira tentativa no tempo de 5 segundos. Imediatamente o RN apresentou melhora clínica.
Discussão: Com o fracasso da IOT pela TC e na indisponibilidade da máscara laríngea (ML), o RN foi intubado pela ID. Recebeu sedação prévia e o procedimento foi realizado em um tempo curto, sem intercorrências.
Conclusão: A ID representa uma técnica alternativa, especialmente nos RN acima 1000g, com malformação palatina e facial ou com laringoscopia difícil, quando realizada por profissionais treinados garante de forma rápida uma via aérea segura para o paciente.
Acreditamos que o conhecimento e o domínio de diferentes técnicas para IOT pode garantir mais sucesso com mais rapidez na ressuscitação neonatal, são argumentos fortes para investigar e promover a IOT por ID.