Introdução: A infecção pelo coronavírus pode cursar com dano alveolar nos pulmões e levar a óbito. Porem, outros órgãos também podem ser afetados e desenvolver lesões graves.
Objetivo: Relatar um caso de insuficiência hepática relacionada ao coronavírus em paciente pediátrica.
Relato de caso: Gênero feminino, desnutrida, chegou ao Pronto Socorro apresentando febre, tosse, dispnéia, diarreia, vômitos, colúria, distensão abdominal, desidratação, icterícia 3+/4+ e hepatoesplenomegalias palpáveis, realizava tratamento para malária falciparum estando no terceiro dia de artemeter com relato de contato prévio com paciente covid-19. Foi admitida na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). EXAMES: Leucocitos: 2,0/ 4,2/ 10,1. Hemoglobina: 8,5/ 12,1/ 10,9. Plaquetas: 73.00/ 111.00/ 553.00. PCR: 112,3/ 58/ 17/ 5. TGO: 286/ 96/ 81. TGP: 398/ 80/ 77. FA: 457/ 638/ 937. Bilirrubinas Direta, Indireta e Total: (6,4/1,9/8,3) / (5,1/1,4/6,5). Tempo de Atividade da Protrombina / Tempo de Atividade da Tromboplastina: (27,4s/incoagulável) / (5,2s/35s). Albumina: 2,0/ 3,5/ 4,0. LDH: 4155,3 / 2481,1 / 867. Pesquisa de plasmodium, teste rápido para Leshimaniose, Hepatite B, Sífilis e HIV NEGATIVOS. TR-PCR para COVID-19: POSITIVO. Tomografia de abdome: Hepatomegalia, densidade homogênea. Esplenomegalia. RNM de abdome: Hepatoesplenomegalia, realce heterogêneo do parênquima hepático, podendo ser relacionado a processos inflamatórios (hepatite?). Moderada ascite.
Recebeu antimicrobianos, transfusão de hemácias, albumina, plasma, vitamina K, usarcol e sintomáticos. Realizada paracentese de alívio por iminência de insuficiência respiratória. Evoluiu com melhora progressiva, sendo transferida para enfermaria.
Discussão: Paciente desnutrida em tratamento para malária falciparum e diagnosticada com Covid-19. Pode-se considerar a possibilidade de que a malária atuou como fator precipitante para lesão hepática, posteriormente agravada pela co-infecção pela covid-19.
Conclusão: A infecção pela Covid-19 pode atingir órgãos como o fígado e levar à insuficiência hepática. A criança apresentou forma grave da patologia porem teve evolução clinica favorável após cuidados intensivos, obteve alta e segmento ambulatorial.