INFECÇÃO CRÔNICA POR EPSTEIN-BARR VIRUS: UM RELATO DE CASO

Introdução: O vírus Epstein-Barr (EBV), é um patógeno comum e de vasto
quadro clínico. Alguns pacientes poderão apresentar manifestações atípicas,
dificultando e retardando o diagnóstico e a terapêutica. Relataremos um caso de
infecção por EBV crônica que foi abordada como febre de origem indeterminada
(FOI) para elucidação diagnóstica.
Relato de Caso: Paciente feminina, 11 anos, obesa, com relato de picos febris
diários, até 40°C, 4x por dia, sem horário específico, há 23 dias da admissão,
associado a hiporexia, náuseas e vômitos. Evoluiu, após 16 dias de sintomas,
com dor abdominal leve em fossa ilíaca direita, irradiando para abdômen
inferior. Na admissão, apresentava dor à palpação abdominal da região inferior e
sinais de Blumberg e Rovsing positivos, sendo realizada videolaparoscopia
diagnóstica, não evidenciando alterações que justificassem o quadro, optando-se
por uma apendicectomia tática e prosseguir investigação. Dentre os exames
solicitados, detectou-se aumento de marcadores de fase aguda, inversão
albumina-globulina, hepatoesplenomegalia evidenciada pela tomografia de
abdômen, mielograma normal, K39 negativo e sorologia para EBV
demonstrando aumento de IgM e IgG além de rt-PCR positivo. Portanto, recebeu
diagnóstico de EBV crônico. Durante o internamento utilizou sintomáticos,
ocorrendo resolução espontânea da febre e dos outros sintomas, recebendo alta
hospitalar.
Discussão: A infecção crônica pelo EBV é uma doença rara, a maioria dos
acometidos apresentam duração acima de seis meses, elevação dos títulos de
DNA do EBV no sangue e evidências de hepatoesplenomegalia,
linfadenomegalia generalizada, pneumonite, uveíte ou acometimento
neurológico. Dentre os diagnósticos diferenciais, suspeitou-se de apendicite e
leishmaniose visceral, demonstrando que o EBV deve ser considerado em uma
variedade de doenças.
Conclusão: Logo, para evitar atraso na confirmação e tratamento, o EBV deve
ser considerado para diagnóstico diferencial em FOI, devendo o médico
responsável estar sempre atento para essa possibilidade diagnóstica, visando
melhoria da qualidade de vida do paciente durante resolução do caso.