Introdução: As malformações craniofaciais constituem a maior causa de distúrbios congênitos e são associadas ao comprometimento pondero estatural das crianças.
Objetivo: O nosso objetivo foi analisar se a idade da criança no momento da correção cirúrgica da malformação craniofacial influencia no desenvolvimento nutricional a longo prazo.
Métodos: Estudo de coorte retrospectivo analisando prontuários de pacientes acompanhados entre 2009 e 2018 em Centro de referência para Tratamento de Malformações Craniofaciais. Foram avaliados gênero, tipo de malformação, a idade da correção cirúrgica, comorbidades associadas, histórico familiar, avaliação antropométrica anual e complicações. Foi considerado correção cirúrgica precoce quando aconteceu nos primeiros 6 meses de vida. Para avaliar a associação entre o desfecho e a variável de interesse realizou-se analise univariada e múltipla, utilizando-se o teste do Qui-quadrado e Regressão de Poisson para análise ajustada. Assumiu-se significância de 5.
Resultados: Dos 245 prontuários avaliados foram selecionados 107 pacientes, que iniciaram o tratamento e seguiram no mesmo serviço. A faixa etária média foi de 13 anos. Maior prevalência foi do sexo masculino (62.6), a fissura lábio palatina esquerda foi a malformação mais prevalente (25,2), . A correção cirúrgica ocorreu em média com1 ano e 6 meses (a menor idade 5 meses e a maior 9 anos). A maioria necessitou de duas ou mais abordagens cirúrgicas (68,6), mas sem complicações (68,2) . Houve melhora progressiva do IMC em relação ao nascimento. Foi observada recuperação dos índices antropométricos a médio e longo prazo. A avaliação nutricional aos 5 anos (OR 0.96, p= 0.98) e aos 10 anos (OR = 0.51, p=0.43) após a cirurgia não mostraram diferenças significantes e não houve associação com a idade da criança no momento da correção cirúrgica.
Conclusão: Não houve associação entre o momento da correção cirúrgica para malformações crânio-faciais e o desenvolvimento nutricional das crianças nos 10 anos de acompanhamento.
