HEPATITE EM PACIENTE PEDIÁTRICO COM INFECÇÃO PELO EPSTEIN BARR VÍRUS

Introdução: A infecção pelo vírus Epstein Barr (EBV) tem prevalência elevada sendo mais de 90 da população mundial soropositiva. Vírus do grupo herpes, transmitido essencialmente através das secreções orofaríngeas. Pode apresentar um período de latência, em que utiliza como células hospedeiras os linfócitos T, B, células epiteliais ou miócitos. A infecção primária na infância é frequentemente assintomática. Apesar de evolução geralmente benigna, podem surgir complicações agudas graves, sendo a insuficiência hepática, raramente descrita. Este caso tem por objetivo relatar paciente com alterações clínicas e de marcadores hepáticos causadas por este vírus. Descrição do caso: IAO, 5 anos, feminino, com queixa de icterícia, colúria e acolia por 10 dias, associado há 2 dias de febre. Inicialmente em regular estado geral, ictérica (3+/4+) com hepatomegalia de aproximadamente 7cm, dolorosa à palpação. Nos exames laboratoriais, apresentava bilirrubina total 2,66 (Direta 2,07/ Indireta 0,59), fosfatase alcalina 2017, gama-GT 1339, TGO 428, TGP 157. Investigação para Hepatites A/B/C e Citomegalovírus (IGG 250/ IGM 14,83/ PCR indetectável) negativas, já marcadores de EBV (IGG 62,2/ IGM 160), confirmaram o diagnóstico. Paciente mantida em tratamento com sintomáticos e observação clínica, evoluindo com resolução da icterícia, hepatomegalia e queda progressiva das enzimas hepáticas. Discussão: Apenas 5 das infecções por EBV evoluirão com elevação das enzimas hepáticas maior que 10 vezes e manifestações clínicas. A infecção costuma ser autolimitada e poucos necessitam de tratamento medicamentoso. O tratamento preconizado é repouso e sintomáticos. A utilização de corticosteroide e anti-virais parece demonstrar alguma eficácia em paciente imunodeprimido. Alguns autores sugerem a hepatite autoimune desencadeada pelo EBV, talvez relacionada a alteração na função dos linfócitos, porém ainda requer melhores estudos. Conclusão: A infecção pelo EBV pode ser relacionada a quadros graves e deve ser melhor conhecida pelo médico para que tenha sua suspeita clínica aventada.