EMERGÊNCIA E ENCEFALOPATIA HIPERTENSIVA EM PACIENTE PORTADOR DE NEUROPATIA CRÔNICA: DESAFIO DIAGNÓSTICO. UM RELATO DE CASO.

Introdução: A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma patologia comum na pediatria, entretanto, a emergência hipertensiva, definida por hipertensão grave associada a lesão de órgão alvo, é rara. A encefalopatia hipertensiva é a forma mais comum, cursando com alteração do nível de consciência, crises convulsivas e cefaléia. Este diagnóstico torna-se bastante desafiador em pacientes portadores de encefalopatias, tal como a encefalopatia crônica não evolutiva (ECNE), doença descrita neste relato.
Descrição do Caso: Paciente do sexo masculino, 8 anos, portador de ECNE, apresentou quadro de edema em face, escroto e membros inferiores há 1 dia da admissão, procurando atendimento. Internado para investigação, com exames complementares demonstrando aumento de escórias nitrogenadas, ultrassom de rins/vias urinárias com nefropatia à esquerda e rim direito não caracterizado. Após admissão, realizado controle pressórico, com cifras acima do percentil 95+12mmHg nos quatros membros, além de evidência de sonolência à avaliação. Indicado transferência para UTI pela emergência hipertensiva, admitido com PA de 210x152mmHg. Iniciado anti-hipertensivo intravenoso (nitroprussiato de sódio), apresentando melhora clínica. Avaliado pela Nefrologia e indicado pulsoterapia por 3 dias, evoluindo com azotemia e hipercalemia refratárias, sendo iniciada diálise peritoneal, além de manejo hemodinâmico com droga vasoativa. Progrediu com sinais de insuficiência cardíaca congestiva pela hipervolemia, submetido a hemodiálise, com evolução favorável, sem novos sintomas neurológicos.
Discussão: Paciente supracitado, tais como outros portadores de encefalopatia e síndromes epilépticas, cursava com disfunção central, afetando a cognição, tônus, postura e movimentos. Tais alterações dificultam o diagnóstico de encefalopatia hipertensiva, sendo necessário valorizar outros sintomas, como vômitos e sonolência, o último presente no caso acima, embora de difícil reconhecimento no contexto clínico do paciente portador de encefalopatia crônica.
Conclusão: Como elucidado, é necessário individualizar a avaliação clínica neurológica dos pacientes portadores de neuropatias no intuito de identificar precocemente sinais de comprometimento neurológico da hipertensão e iniciar terapêutica adequada.