DRENAGEM ANÔMALA TOTAL DE VEIAS PULMONARES, UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO: Drenagem anômala total de veias pulmonares (DATVP), cardiopatia congênita rara, com alta mortalidade no primeiro ano de vida, se não tratada precocemente. DESCRIÇÃO DO CASO: C.R.L., 7 meses, natural do Ceará, com quadro de taquipneia desde o nascimento, dificuldade de ganho ponderal e eventualmente cianose labial. Sem diagnóstico definido, com 6 meses, apresentou quadro de cianose central, com dificuldade no retorno, levantada a hipótese de cardiopatia e iniciado investigação. Ecocardiograma e angiotomografia evidenciaram: drenagem anômala de veias pulmonares de forma total (supracardiaca), hipertensão pulmonar severa, comunicação interatrial e canal arterial pérvio. Ao exame, bom estado geral, taquipneica em cateter de oxigênio, mantendo saturação de 80, esforço respiratório e palidez cutânea. Aparelho cardiovascular: bulhas cardíacas normofonéticas em 2 tempos, sem sopro cardíaco, pulsos palpáveis e simétricos. Realizado cirurgia cardíaca corretiva com redirecionamento do fluxo, permaneceu em leito de unidade intensiva por 1 semana e encaminhada à enfermaria, assintomática e em ar ambiente com medicações orais (captopril e furosemida) e saturação acima de 95. DISCUSSÃO: Pouco conhecida, pela sua raridade, a DATVP, possui, muitas vezes, diagnóstico tardio. Nesta cardiopatia há uma falha da comunicação das veias pulmonares ao átrio esquerdo, conectando-se erroneamente ao lado direito do coração através de variadas conexões. Conforme as variações anatômicas, os pacientes podem apresentar: cianose, desconforto respiratório, e até mesmo, sinais de choque. Há necessariamente uma comunicação interatrial associada à esta cardiopatia, para garantir o fluxo sanguíneo para as circulações pulmonar e sistêmica. O tratamento é cirúrgico, corrigindo o retorno venoso pulmonar para o átrio esquerdo, sendo que a urgência do procedimento depende das condições clínicas do paciente. CONCLUSÃO: O diagnóstico precoce, podendo ser intraútero, é fundamental para um bom prognóstico na DATVP. No caso descrito, apesar do diagnóstico tardio, a paciente apresentou boa evolução e resposta ao tratamento cirúrgico e clínico.