DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA MORTALIDADE POR CAUSAS EXTERNAS EM ADOLESCENTES NO NORDESTE ENTRE 2012 E 2021

Introdução: O Nordeste, por muito tempo, foi o centro das atividades econômicas, produtivas e políticas do país. Entretanto, o processo de interiorização ocorrido nos últimos anos configurou-se de modo a marginalizar as políticas públicas nessa região, refletindo em desigualdades que perduram até a atualidade. Exemplo disso é a precariedade dos sistemas de saúde e segurança que resultam nas altas taxas de óbitos por causas externas nos adolescentes nordestinos. Objetivo: Descrever a distribuição espacial da mortalidade por causas externas de adolescentes, no Nordeste, de 2012 a 2021. Método: Estudo quantitativo, observacional e descritivo, com uso de dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde, acerca da mortalidade por causas externas. Resultados: No período analisado, foram notificadas 63.495 mortes por causas externas em adolescentes nordestinos, sendo a maioria na Bahia (28,7%), seguido de Ceará (19,1%), Pernambuco (15,2%), Maranhão (9,6%), Alagoas (7,6%), Rio Grande do Norte (6,3%), Paraíba (5,8%), Sergipe (4,0%) e Piauí (3,7%). Proporcionalmente à população de adolescentes de cada estado, a maior taxa de mortalidade por causas externas ocorreu no Ceará, com 75,9 óbitos por 100.000 adolescentes, seguido de Alagoas (74,9) e Bahia (70,7). Percebe-se que os três estados com as maiores taxas da mortalidade estudada não coincidem com as três maiores populações da região, sugerindo que outras variáveis, como o desenvolvimento socioeconômico, interferem na distribuição dessas mortes. Conclusão: Para combater os óbitos externos de adolescentes no Nordeste, é necessário enfatizar as questões sociais de cada estado. Assim, destaca-se que a desigualdade econômica, peculiar à região, acarreta na marginalização das pessoas, distanciando-as de segurança, transporte, saúde e educação de qualidade. Esses problemas estão intrinsicamente relacionados aos números de mortes por causas externas. Portanto, surge a necessidade de estudos locais para reconhecer os principais problemas sociais e estabelecer ações específicas com vistas à redução dessa mortalidade.