DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE COMPLICAÇÕES DE PNEUMONIA

Introdução:
As pneumonias com necessidade de hospitalização apresentam complicações em 30,7 dos casos. Dessas, 98 por derrame pleural. Quando em ventilação mecânica, a incidência de pneumotórax é de 3. Diagnosticar e tratar as complicações é fundamental para um melhor prognóstico do paciente.

Descrição do caso:
LAV, sexo feminino, 6 meses, iniciou com tosse produtiva, dor abdominal, febre e dispneia com 5 dias de evolução e piora progressiva. Solicitado radiografia de tórax e diagnosticado broncopneumonia em base direita.
No 2°DIH houve piora do desconforto respiratório, com necessidade de IOT e transferência à UTI pediátrica.
No 3°DIH apresentou dessaturação, taquicardia, hipotensão arterial e ausência do murmúrio vesicular em hemitórax direito. Suspeitou-se de pneumotórax hipertensivo à direita que foi confirmado pela radiografia. Submetido à toracocentese de alívio, com posterior drenagem.
No 5°DIH apresentou pneumatocele em radiografia de controle, com piora radiológica no dia seguinte. Apesar disso, evoluiu com melhora clínica e gasométrica progressiva, sendo optado pela extubação no 13°DIH.
No 20°DIH, foi transferida à enfermaria. No 23°DIH paciente eupnéica, sem alterações no exame físico, foi realizado nova radiografia de controle, com suspeita de novo pneumotórax com nova drenagem torácica.
O dreno foi retirado no 27° DIH com alta hospitalar no 34° DIH.

Discussão:
O pneumotórax hipertensivo diagnosticado no 3°DIH provavelmente ocorreu devido barotrauma pela ventilação mecânica. Contudo, no 23°DIH a paciente estava assintomática e houve uma confusão entre pneumatocele gigante com um novo pneumotórax. Nesse momento a drenagem além de desnecessária foi iatrogênica.

Conclusão:
A correlação entre a clínica, imagem e evolução é fundamental ao entendimento do caso. O fato da criança estar assintomática, com imagem compatível com evolução para pneumatocele gigante descartaria a suspeita de pneumotórax evitando assim a drenagem realizada.