CONSUMO DE ÁLCOOL NO AMBIENTE FAMILIAR E A VULNERABILIDADE INFANTIL

Introdução: O abuso familiar de álcool pode ocasionar diversos transtornos biopsicossociais nos filhos e, quanto mais precocemente for iniciado seu uso, piores serão as consequências.
Objetivo: Verificar a relação entre o consumo de álcool materno e familiar e a experimentação de bebida alcoólica nos filhos.
Métodos: Entre junho de 2014 e maio de 2018, realizaram-se entrevistas estruturadas por amostragem não probabilística por conveniência com 348 mães que moram com seus filhos de até 12 anos e que os estavam acompanhando em unidades de saúde públicas no interior de São Paulo. Teste de Fisher significância (p8804,0,05).
Resultados: 66 crianças (18,9) já experimentaram seu primeiro contato com bebida alcoólica (CESPCBA), a mediana da idade desse primeiro contato de álcool foi de 39 meses. 35 mães (10,0) relataram que existia alguém em casa com problemas com álcool, destas, houve 14 (40,0) CESPCBA (p=0,023). 97 mães (27,8) referiram ingerir bebida alcoólica e destas, 33 (34,0) CESPCBA (p0,0001). 68 mães (68/97=70) conseguiram quantificar o uso desta bebida em um dia típico (5,1g/dia a 288g/dia), mediana 62,7g/dia. Destas, 17 (17/68=25), apresentaram consumo pesado (98g por semana). 76 mães (76/97=78,3) responderam ao questionário Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT) e 40 (40/76=78,3) tiveram AUDIT 8805, 8, indicativo de uso abusivo de álcool. Os consumos pesado e abusivo não estiveram associados com CESPCBA (p0,05).
Conclusões: Filhos de mães que consomem álcool e o relato de familiares com problemas com álcool têm chance aumentada de experimentarem bebida alcoólica. Não houve relação entre o consumo pesado ou abusivo alcoólico materno e experimentação de bebida alcoólica na infância.

Referências:
1- Voskoboinik A et al. Alcohol and atrial fibrillation: a sobering review. J Am Coll Cardiol 2016.
2- Edelman EJ, Tetrault JM. Unhealthy Alcohol Use in Primary Care: the elephant in the examination room. JAMA Intern Med. 2019,179(1):9-10.