INTRODUÇÃO
A cetoacidose diabética (CAD) é caracteristicamente associada ao diabetes mellitus (DM) tipo 1, uma doença autoimune caracterizada pela destruição progressiva das células 946, pancreáticas e deficiência de insulina.
A infecção por COVID-19 pode levar à hiperglicemia durante infecção aguda, causar danos transitórios às ilhotas pancreáticas e à insulinoterapia, com risco para CAD.
RELATO DO CASO
Lactente, 10 meses, sem comorbidades. Com queixa de coriza, febre aferida, congestão nasal e tosse seca. No 7° dia de evolução, apresentou vômitos, diarreia e dispneia. Ao exame físico de admissão, paciente taquidispneica, sonolenta, desidratada, com glicemia capilar 521mg/dl, gasometria arterial com pH 7, pCO2 15,7, pO2 52,7, HCO3 3,8, BE -25,6, urina I com corpos cetônicos 2+, confirmando CAD grave. Manejo consistiu em ressuscitação volêmica intravenosa (IV) com solução salina 0,9%. Após melhora da desidratação, iniciado infusão de insulina e manutenção de fluido IV decididos com base em seu nível de glicose capilar por hora.
Realizado RT-PCR para Covid-19 com resultado positivo. Realizada tomografia computadorizada do tórax, verificado opacidades em vidro fosco e focos de consolidação esparsos bilaterais, por esse motivo iniciado tratamento da pneumonia com azitromicina por 5 dias e ceftriaxona por 7 dias. Paciente evoluiu satisfatoriamente do quadro da CAD e do COVID-19, recebendo alta após 12 dias de internação.
DISCUSSÃO
A COVID-19 pode agravar a função das células 946, pancreáticas, desencadear o aparecimento de DM1 e precipitar a ocorrência de CAD em pacientes diabéticos pediátricos, mesmo sem envolvimento respiratório.
Futuras pesquisas epidemiológicas globais são necessárias para avaliar o papel da COVID-19 na imunogenicidade da DM1 e seu papel na evidenciação de sua manifestação.
CONCLUSÃO
Devido grande variação de sintomas e manifestações clinicas causadas pelo COVID-19, é importante considera-la entre as possíveis causas infeciosas de descompensação do diabetes.