CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS DOS CASOS DE SÍFILIS CONGÊNITA NO BRASIL NO PERÍODO DE 2011 A 2020

Introdução: A sífilis é uma doença sistêmica infectocontagiosa de transmissão sexual, ocasionada pelo Treponema pallidum. A gestante infectada pode transmitir a doença ao feto, caracterizando a sífilis congênita. Esta condição está relacionada a complicações, como prematuridade, abortamentos espontâneos e malformações congênitas, necessitando de cuidados de saúde apropriados. Objetivo: Analisar o perfil epidemiológico da sífilis congênita no Brasil entre os anos de 2011 e 2020. Método: Estudo quantitativo, transversal, observacional e descritivo, com o uso de dados secundários do Sistema de Informações de Agravos de Notificação, do Ministério da Saúde, acerca do registro de casos de sífilis congênita entre 2011 e 2020. Resultados: No espaço amostral analisado, houve 190.304 notificações de sífilis congênita no Brasil. Avaliando os casos em que a informação foi preenchida, 50,5% eram do sexo feminino e 68,9%, pretos ou pardos. Em 66,2% dos casos, a sífilis congênita foi detectada antes de 24 horas de vida, o sinal mais comumente encontrado foi a icterícia, ocorrendo em 8,1% dos nascidos vivos, o teste não-treponêmico realizado em amostra de sangue periférico foi reagente em 87,3% das vezes. A Penicilina g cristalina por 10 dias foi o tratamento mais empregado para sífilis congênita (54,7%) e 90,4% dos casos avaliados permaneceram vivos. Conclusão: A partir da análise, percebe-se que não houve diferença estatisticamente significante em relação ao sexo, mas essa condição atingiu mais a população preta e parda. O diagnóstico ocorreu preponderantemente nas primeiras horas de vida, baseando-se em exames laboratoriais, sendo a clínica pouco evidente na maioria dos casos. Predominou o tratamento com Penicilina g cristalina, notando-se boa evolução, embora muitos casos não tenham sobrevivido, sugerindo tratar-se de um problema de saúde pública. Portanto, torna-se evidente a importância da atenção dos profissionais de saúde para a detecção e tratamento precoces da sífilis gestacional e congênita, visando evitar as complicações desse agravo.