AVALIAÇÃO DA INJÚRIA RENAL AGUDA E DE PARÂMETROS BIOQUÍMICOS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM CETOACIDOSE DIABÉTICA TRATADOS COM FLUIDOTERAPIA INICIAL MAIS AGRESSIVA

Introdução: A cetoacidose diabética (CAD) é o distúrbio metabólico agudo mais frequente em pacientes com diabetes mellitus tipo 1, sendo a injúria renal aguda (IRA) complicação comum desses quadros. Objetivo: Avaliar o grau de IRA, aspectos clínicos e laboratoriais de crianças e adolescentes com CAD tratados apenas com NaCl0,9%, com volumes iniciais maiores do que os preconizados pelas diretrizes internacionais. Métodos: Coorte retrospectiva de pacientes de até 18 anos atendidos por CAD em hospital terciário de São Paulo de janeiro de 2008 a dezembro de 2017, tratados conforme protocolo local. Revisados prontuários para análise de prevalência e gravidade da IRA de acordo com critérios de KDIGO, evolução dos resultados gasométricos e eletróliticos, e tempo para resolução da IRA e CAD. Empregados modelos de regressão linear com efeitos aleatórios para avaliar o efeito do grau de IRA e gravidade da CAD ao longo do tempo sobre as variáveis analisadas. Feita análise de sobrevivência do tempo da resolução da IRA e da CAD utilizando modelo de Kaplan-Meier. Adotado nível de significância de 5%. Resultados: Incluídos 68 episódios de CAD: 33,8% leves, 30,9% moderados e 35,3% graves. Avaliada função renal em 61 episódios, com 75% de IRA: 63% grau 1, 37% grau 2, 0% grau 3. Pacientes receberam em média 35±(16,0)mL/kg nas primeiras 2 horas de tratamento e 54±(21,7) mL/kg em 4 horas. A média de tempo para resolução de IRA foi de 10,4(±15,0) horas. O grau de IRA inicial e a gravidade da CAD influenciaram no tempo para normalização da função renal. Não foi encontrada associação entre cloremia e desenvolvimento de IRA, nem com tempo para resolução da IRA e da CAD. Conclusão: O presente estudo demonstrou que a utilização de tratamento com volumes maiores na etapa inicial de hidratação de pacientes com CAD pode ser benéfica para o desfecho renal.