ASSISTÊNCIA INICIAL AO RECÉM NASCIDO EM AMBIENTE NÃO HOSPITALAR: UMA EMERGÊNCIA DEFINIDORA DE MORBIMORTALIDADE

Introdução
Nas últimas décadas houve redução da mortalidade infantil em todas as faixas etárias. Mortes relacionadas a eventos perinatais se tornaram a principal causa abaixo de 5 anos. Pronto reconhecimento e intervenção de intercorrências ao nascimento é fator reconhecidamente relacionado a redução da morbimortalidade nos primeiros anos de vida. 1 em 10 nascidos vivos necessita intervenção para iniciar a respiração.

Descrição
RN de J.C.P., G5P4, feminina, mãe sem pré-natal, 41 semanas (Capurro), peso 2900g(p10,6). Parto domiciliar, com relato de choro ao nascer. Transportada por policiais a pronto atendimento de maternidade em Belo Horizonte. Deu entrada com aproximadamente 20 min de vida, sem sinais de vida. Iniciado manobras de ressuscitação com retorno da circulação espontânea com cerca de 38 minutos de vida.
Evoluiu com complicações relacionadas à hipóxia cerebral: convulsões de difícil controle, espasticidade, dependência de ventilação mecânica, ausência de crescimento cefálico e atraso de desenvolvimento.

Discussão
Assistência à saúde de qualidade no período pré, peri e pós-natal é medida relacionada ao prognóstico neonatal e morbidades correlatas. No caso, a paciente recebeu assistência de baixa qualidade nos três aspectos, em especial no pós-natal, no qual um menor intervalo para início dos cuidados é fundamental para se atingir resultados positivos. A ausência de cuidados mínimos desde o nascimento à chegada na maternidade certamente impactou negativamente na evolução observada.

Conclusão
Assim como é preconizado no suporte básico de vida para as demais faixas etárias, se faz necessário treinamento da assistência a ser prestada por qualquer pessoa, profissional da saúde ou não, que possam atuar em partos fora de hospitais. Todo RN nascido fora do ambiente hospitalar deve ser considerado em potencial situação de risco à vida até que os cuidados sejam assumidos por profissional capacitado.