ANÁLISE DA CONDUÇÃO DE CASOS DE FEBRE SEM SINAIS DE LOCALIZAÇÃO EM CRIANÇAS DE 0 A 90 DIAS

Febre é uma queixa muito comum de atendimentos no pronto socorro infantil, particularmente em crianças com menos de três anos de idade. Em 20 dos casos não é possível identificar sua origem após anamnese detalhada e exame físico, nesses casos, se o sintoma tem menos de 7 dias de duração, estamos diante do diagnóstico de febre sem sinais de localização (FSSL). A grande maioria dos casos de FSSL corresponde a patologias de origem viral com curso autolimitado. No entanto, até 12 das crianças com menos de 3 meses de vida podem apresentar infecções bacterianas graves, definidas como bacteremia, meningite ou infecção do trato urinário.
O objetivo deste estudo é avaliar a condução e a evolução de 39 casos de febre sem sinais de localização em pacientes de 0 a 90 dias de vida que procuraram o pronto socorro infantil da Santa Casa de São Paulo e, baseado nos dados obtidos e nos estudos mais recentes da literatura nacional e internacional, identificar as possíveis mudanças que podem ser incorporadas ao nosso protocolo de atendimento a fim de evitar procedimentos invasivos na condução destes casos quando estes forem desnecessários.
Os pacientes foram divididos em dois grupos: baixo risco e não baixo risco utilizando o algoritmo proposto por Baraff et al. em dezembro de 2000. Foram avaliados os exames iniciais solicitados na admissão hospitalar, a evolução do paciente durante o período de internação e o diagnóstico na alta hospitalar.
É possível concluir que pacientes no período neonatal devem sempre ser considerados como não baixo risco para infecções bacterianas invasivas, sendo necessário realizar sempre triagem infecciosa completa e que pacientes com idade entre 29 e 90 dias de vida podem ser beneficiados com uma abordagem step-by-step, levando em conta os fatores de risco para infecção bacteriana invasiva para a indicação de coleta de exames complementares.