ACIDOSE TUBULAR RENAL: DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE BAIXO GANHO PONDERAL – RELATO DE CASO CLÍNICO

Introdução: O baixo ganho ponderal é uma queixa frequente na pediatria. Dentre as causas orgânicas, destaca-se a acidose tubular renal (ATR) na faixa etária pediátrica como causa de déficit pondero-estatural, poliúria-polidipsia e alterações metabólicas.

Descrição do caso: Menino, 1 ano e 10 meses interna com quadro com 3 dias de evolução de febre, tosse e taquidispneia.
Ao exame: Peso 6,9 kg (escore Z < -3), Altura 71,8 cm (Z < -3), IMC 13,3 (Z -2) e PC 47 cm (Z 0), desidratado, desnutrido, hipocorado, taquidispneico com estertores creptantes. Diagnosticado com pneumonia. HPP: Dificuldade de ganho de peso e estatura desde nascimento sem diagnóstico etiológico. USG transfontanela e testes de triagem normais. Fórmulas lácteas e medidas dietéticas sem sucesso. Exames: Gasometria arterial: ph 7.15/pCO2 17/ pO2 114/ HCO3 5.9 / BE -23, Ur 34, Cr 0.5, K 2.5, Anion Gap:16. EAS: DU1005 / ph 8/ sem piúria, glicosúria ou proteinúria. Verificada poliúria e polidipsia. USG aparelho urinário: Nefrocalcinose. Diagnosticado com ATR1. Evolui com recuperação nutricional após reposição com citrato de potássio. Discussão: A ATR tipo 1 é caracterizada pela incapacidade dos túbulos distais em excretar adequadamente íons hidrogênio (H+), gerando falha na acidificação urinária, retenção de H+ e hipocalemia. Manifesta-se clinicamente por poliúria-polidipsia, e déficit de crescimento. Pode evoluir com osteoporose, raquitismo e doença renal crônica (DRC). O tratamento baseia-se na correção de alterações bioquímicas, promovendo melhora de crescimento, prevenção de nefrocalcinose e DRC. Conclusão: A ATR é uma doença crônica de impacto importante na qualidade de vida quando não tratada adequadamente, porém com excelente prognóstico quando realizado diagnóstico precoce da doença, sendo um importante diagnóstico diferencial na investigação de baixo ganho ponderal em lactentes.