ACIDENTE VASCULAR ISQUÊMICO NAS CRIANÇAS: UM RELATO DE CASO

Introdução: O acidente vascular encefálico (AVE), causado por redução do fluxo sanguíneo para determinada região cerebral, seja por evento isquêmico ou hemorrágico, leva à perda abrupta da função cerebral. Apesar de rara, essa patologia pode ocorrer na infância. Descrição do caso: Pré-escolar, 3 anos, masculino, previamente hígido, chegou na emergência relatando queda do sofá seguido de dificuldade para deambular. Ao exame, apresentava desvio da rima labial para direita, fechamento incompleto da pálpebra esquerda, déficit de força manifestado por dificuldade em manter membros superior e inferior esquerdos elevados, preensão palmar frouxa e sinal de Babinski à esquerda. Durante a internação apresentou episódios de ausência. Exames evidenciaram elevação do TTPA e ressonância magnética do crânio, lesão isquêmica aguda no território de irrigação de artéria lenticuloestriada à direita. Foi iniciado anticoagulante plaquetário e anticonvulsivante. Evoluiu com remissão completa da paralisia facial e recuperação da força após 2 meses. Segue em acompanhamento clínico. A angiorressonância de crânio e as investigações hematológica e cardiológica não evidenciaram anormalidades, IgG positivo para COVID. Discussão: O AVE é caracterizado por déficit neurológico agudo, que na população pediátrica apresenta diversas manifestações clínicas inespecíficas, levando muitas vezes ao diagnóstico tardio. No período neonatal, crise convulsiva é o sintoma mais comum, com o aumento da idade os sinais e sintomas tendem a se tornar mais específicos, dependendo da localização e tamanho da lesão. Na evolução clinica podem manifestar atrasos do desenvolvimento neuropsicomotor, dificuldades de aprendizagem, sequelas motoras e cognitivas, epilepsia. Fatores de risco mais frequentes nas crianças: cardiopatia, anemia falciforme e outros estados de hipercoagulabilidade, doenças metabólicas e quadros infecciosos, principalmente etiologia viral. Conclusão: Por ser raro e apresentar manifestações clínicas inespecíficas nas crianças, o AVE se torna um diagnóstico difícil, geralmente realizado tardiamente, levando maior risco de sequelas neurológicas. Por isso, faz-se necessário um melhor treinamento da equipe pediátrica.