INTRODUÇÃO
Abscesso hepático piogênico (AHP) é uma doença rara porém potencialmente letal na ausência de manejo precoce e adequado. Os principais agentes etiológicos envolvidos são enterobactérias, Staphylococcus aureus, bactérias anaeróbias, Entamoeba histolytica e Candida albicans, sendo frequentemente polimicrobiana. Descrevemos um caso de AHP causa criptogênica com identificação de agente único à drenagem.
DESCRIÇÃO DO CASO
Paciente de 8 anos, sexo feminino, previamente hígida, apresentava história de dor abdominal intensa há 5 dias, sem febre e toxemia . Apresentava abdome distendido, doloroso, com massa palpável que estendia da região epigástrica até mesogástrica, fixa, endurecida, sem sinais logísticos, com aproximadamente 10 centímetros de diâmetro.
Nos exames laboratoriais apresentava leucocitose de 16.000/µL com predomínio neutrofílico (82,8) sem desvio para esquerda. O restante da investigação laboratorial inicial era normal, assim como hemocultura, protoparasitológico de fezes e pesquisa de E. histolytica foram negativos.
A tomografia computadorizada de abdome demonstrou fígado de dimensões aumentadas pela presença de duas lesões em lobo esquerdo, sugestivas de AHP.
Iniciado tratamento empírico com X, Y e Z, além de drenagem da coleção hepática guiada por ultrassonografia. Identificado Staphylococcus aureus sensível à oxacilina no aspirado, sendo mantido apenas este medicamento a partir de então. Paciente apresentou evolução satisfatória, redução progressiva das lesões e recebeu alta após 17 dias de tratamento endovenoso.
DISCUSSÃO
A tríade dor localizada em hipocôndrio direito, febre e hepatomegalia é clássica, porém pode apresentar evolução insidiosa. Na maioria dos casos, o abscesso é formado no lobo direito e único, diferentemente do caso apresentado. A identificação de agente etiológico único pode reduzir o uso de antimicrobianos e eventos adversos. A avaliações clínico-radiológicas evolutivas são mandatórias devido à possibilidade de falha terapêutica decorrente de infecção poli microbiana.
CONCLUSÃO
AHP tem evolução subaguda o que dificulta o diagnóstico. Tomografia computadorizada têm sensibilidade alta na propedêutica diagnóstica e drenagem percutânea, associada à antibioticoterapia conforme agente isolado compõem as bases do tratamento.