ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO TARDIO EM LACTENTE SEM INDICATIVOS CLÍNICOS

Introdução: Os quadros de semiobstrução intestinal podem se apresentar com importante variedade de manifestações clínicas, inclusive assintomáticos.
Descrição: F.A.L., 3meses e 24dias, procurou o Pronto Socorro com distensão abdominal há vinte dias acompanhada de baixo ganho de peso e hábito intestinal normal. Ao exame físico, encontrava-se emagrecido e com distensão abdominal. Nascido de parto vaginal, pré-termo, adequado para idade gestacional. No segundo dia de vida, diagnosticado com sepse neonatal, iniciado antibioticoterapia e suporte clínico. Evoluiu aos vinte dias de vida com distensão abdominal e enterorragia, diagnosticado com enterocolite necrosante, tratado com jejum e antibioticoterapia. Recebeu alta hospitalar com trinta dias de vida. Com dois meses de vida, evidenciado ganho de peso insuficiente e indicado frenulectomia. Internado para realizar a cirurgia, suspensa após o diagnóstico de anemia corrigida com transfusão de hemoderivado, após dois dias obteve alta com seguimento ambulatorial. Após a segunda internação, pais observaram distensão abdominal, que piorou gradualmente. Suspeitado de alergia a proteína do leite de vaca e realizado dieta de restrição materna, sem melhora. No pronto socorro: realizado tomografia de abdome com contraste que identificou padrão semiobstrutivo em Fossa Ilíaca direita. Internado e realizado Laparotomia de urgência dado padrão de estenose em região de cólon sigmoide. Realizado hemicolectomia esquerda, correção de má-rotação intestinal e herniorrafia bilateral. Paciente evoluiu no sétimo dia pós-operatório com piora de distensão abdominal e diminuição de ruídos hidroaéreos. Realizado nova laparotomia exploradora para liberação de bridas. Evoluiu com boa aceitação da dieta enteral, estável clinicamente em condições de alta para seguimento ambulatorial multiprofissional
Discussão: Apesar das múltiplas formas de apresentação clínica e literatura vigente, a reavaliação médica frequente é essencial, dado que inicialmente pode não haver sinais e sintomas característicos de quadro obstrutivo.
Conclusão: Deve-se ter cautela durante a avaliação de quadro de distensão abdominal em lactentes, principalmente, após epsódio de enterocolite necrosante.