Anafilaxia

Relatora: Dra. Paula Cristina Ranzini
Pediatra, Assistente de  ensino do Pronto-Socorro do Hospital Santa Marcelina, Médica plantonista do Setor  de 1° Atendimento do Hospital Israelita Albert Einstein e membro do Depto. Científico de Emergências da SPSP

Anafilaxia é uma síndrome clínica representada por uma grave reação alérgica sistêmica em indivíduos expostos à determinados desencadeantes. Ocorre após 5 a 30 minutos do contato com o alérgeno inalatório, de contato direto, ingestão ou parenteral.

As causas mais comuns de anafilaxia em crianças se devem a alimentos (leite, ovos, soja), derivados de sangue, imunoterapia, látex, vacinas, contrastes para radiologia e exercício físico.  Ocorre em 0,05% a 2% da população. Clinicamente, se apresentam: alterações respiratórias (edema de laringe, broncoespasmo), cutâneas (urticária, prurido, rubor, angioedema), cardiovasculares (hipotensão, arritmias, dor torácica, síncope), oral (prurido, edema labial ou de língua, gosto metálico), nasal (prurido, rinorreia, congestão, espirros), gastrointestinais (náuseas, vômitos, dor abdominal, diarreia, disfagia) e contração uterina.
 
Diagnóstico:
Anafilaxia é altamente provável quando preencher um dos três critérios abaixo:
• Aparecimento súbito de doença (de minutos a algumas horas após contato com o alérgeno), com envolvimento da pele, do tecido mucoso ou ambos (urticária generalizada, prurido ou eritema, edema labial, língua ou úvula)
E ao menos um dos itens que se seguem:
• Acometimento respiratório (dispneia, broncoespasmo, estridor, redução de pico de fluxo expiratório ou hipoxemia)
• Redução da PA ou sintomas associados a órgãos alvo (hipotonia, síncope, incontinência)
Dois ou mais dos seguintes fatores, que ocorrem rapidamente após a exposição ao provável alérgeno para o paciente (minutos a horas):
• Envolvimento de tecido muco-cutâneo (urticária generalizada, prurido eritema, edema de lábio, língua ou úvula).
• Acometimento respiratório (dispneia, broncoespasmo, estridor, redução de PFE, hipoxemia).
• Redução da PA ou sintomas associados (hipotona, síncope, incontinência)
• Sintomas gastrointestinais (cólica ou dor abdominal, vômito)
Queda da PA após exposição ao alérgeno conhecido para determinado paciente (minutos a algumas horas)

Tratamento:
Tratamento imediato: epinefrina (1:1000), dose  0,01mL/kg (max.0,5mL) sempre IM (vasto lateral da coxa). Repetir até 3 vezes a cada 5-15 min. Na hipotensão grave o acesso intravenoso é importante para a reanimação. Manter via aérea pérvia e respiração adequadas. Drogas a serem associadas: difenidramina1-2 mg/kg/dose (max.50mg) e ranitidina (1 mg/kg/dose). Corticoides: eficácia não comprovada; objetivam prevenir a reação bifásica – metilprednisolona1-4mg/kg/dia a cada 6 horas, por 4 dias.

Os casos graves devem permanecer 24 horas em observação intra- hospitalar, já os leves de 4-6 horas são suficientes. 

Bibliografia:

1- Lane, RD, Bolte, RG. Pediatric Anaphylaxis. Pediatric Emergency  Care  2007; Vol 23 , Number1,49-56

2- Sampson et al. Second Symposium the definition and management of anaphylaxis: summary report – Second National Institute of Allergy and Infectious Disease/Food Allergy Anaphylaxis Network symposium. J. Allergy Clin Immunol 2006; 391-397

3- Guidelines for the Diagnosis and Management of Food Allergy    in the United States.Summary of the NIAID-Sponsored Expert Panel Report. National Institute of Allergy and Infectious Diseases. National Institutes of Health. 2010; 11-700

4- Ferreira, AVS, Baracat, ECE, Simon Jr,H, Abramovici,S; Emergências Pediátricas SPSP, 2ª. Ed. Atheneu, 2010; 69-74