Amamentação é a base da vida – Dra. Nádia Vargas

Amamentação é a base da vida – Dra. Nádia Vargas

Quando era estudante de Medicina, confesso que não tive nenhuma aproximação com aleitamento, nenhuma aula e nada do estilo. No ano do internato rotatório, durante os três meses do meu estágio na Ginecologia e Obstetrícia, apenas um dia vieram ensinar as mães como colocar o bebê no seio. Eram 12h00 e fiquei tão extasiada que preferi ficar ali, junto às mães, e aprender como colocar um bebê ao seio. Perdi o almoço, mas fiquei muito feliz e percebi o quanto eu gostava deste tema.

No ano seguinte, repeti o pouco que tinha conseguido aprender para todas as mamães puérperas do Hospital no qual trabalhei no meu serviço rural obrigatório. Como era obstetra e neonatologista ao mesmo tempo, só conseguia fazer isso depois de terminar o atendimento do parto ou cesárea, mas gostava muito de poder orientar e ajudar.

No ano seguinte, vim para o Brasil e iniciei a residência de Pediatria. Também não tive nenhuma aula de aleitamento, nem prática, nem nada. Passei no Berçário Anexo à Maternidade como estagiária 1, R1, R2 e R3, mas naquela época, infelizmente, não tínhamos alojamento conjunto. A residência foi maravilhosa no sentido do aprendizado da ciência e Medicina baseada em evidências, um mundo fascinante para mim, mas senti falta do aleitamento materno.

No meu R2 mudou a grade e não passei nem como R1 e nem como R2 no alojamento conjunto do Hospital Universitário e não tive nenhuma aproximação com o aleitamento, como os novos R1 tiveram. Nessas circunstâncias tive minha primeira filha e tentei lembrar o pouco que eu sabia, mas realmente penei, tive fissuras e foi difícil. Mas, graças a Deus e ao estímulo da minha mãe e do meu marido, consegui dar de mamar até um ano, mesmo havendo optado por não gozar da licença-maternidade, pois era residente e naquela época dependia da bolsa da residência para viver e se pegasse a licença perderia o concurso para R3.

Foi bem sacrificado e penoso, mas agradeço demais o apoio do meu marido (que levava a bebê de 3/3 hrs ao hospital nos diversos estágios para mamar até os 6 meses). Minha filha mamou no seio até um ano e teria mamado mais se não tivesse viajado com o pai para meu país (Bolívia), para eu poder estudar e me preparar para o concurso de R3.

Ao concluir a residência comecei a trabalhar e prestei outros concursos. Um deles foi na prefeitura para o Hospital Tatuapé, onde tive o privilégio de conhecer e trabalhar junto com a Dra. Maria José Guardia Mattar, com quem aprendi muito sobre aleitamento e realizei o primeiro curso de manejo. Depois vieram o Curso Canguru, de Banco de Leite e, a partir daí, virei uma guerreira do aleitamento materno.

Todos os conhecimentos consegui colocar em prática e multiplicar no Hospital Santa Helena da antiga Unimed Paulistana. Fizemos muito trabalho lá com aleitamento, com total apoio da chefia. Atualmente luto e batalho pelo aleitamento, ensinando os residentes no Hospital das Clínicas, no Hospital Infantil Menino Jesus, no Hospital Santa Catarina e duas vezes por mês me deleito ensinando no alojamento conjunto do Hospital Vitoria da Amil.

Para mim o aleitamento é, sem dúvida, o melhor alimento, insubstituível durante os seis primeiros meses de vida e fundamental na vida de cada pessoa por vários fatores, não apenas o nutricional.

Amo o aleitamento materno e, graças a Deus, 10 anos e seis meses depois da minha primeira experiência pessoal, tive meu segundo filho, que mamou muito bem desde o primeiro minuto de vida até quase os quatro anos.

Dra. Nádia Sandra Orozco Vargas
Esposa do José Antonio, mãe da Dayanne (17 anos) e Johan (7 anos).
Pediatra do Departamento Científico de Aleitamento Materno da SPSP.

agosto dourado

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Publicado em 22/08/2018.

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