O aleitamento materno sempre me encantou. Por muitas vezes, fiquei intrigada pensando, e ainda penso, como o leite humano pode ter tantas substâncias, com tantas propriedades inigualáveis, que a indústria não consegue e nunca vai conseguir copiar e que podem influenciar, na criança, melhor nutrição, crescimento, desenvolvimento imunológico e neurológico, inteligência, escolaridade, desenvolvimento oral, proteção contra infecções, diminuição dos riscos de doenças na vida adulta e inclusive melhorar o salário futuro!
Isso fez com que me dedicasse cada vez mais aos estudos relacionados ao leite materno, e quanto mais estudava maior meu encantamento, o que acabou por influenciar minha vida profissional. Progressivamente fui me envolvendo com ações relacionadas ao estímulo, promoção e apoio ao aleitamento materno, como a iniciativa Hospital Amigo da Criança, método canguru e implantação do banco de leite do hospital em que trabalho, a “menina dos meus olhos”, que muito me orgulha.
Com todas essas ações, o meu dia a dia é trabalhar junto às mães e seus filhos internados na unidade neonatal para o estabelecimento e manutenção da lactação das nutrizes e propiciar alta hospitalar desses recém-nascidos em aleitamento materno exclusivo.
Tudo isso é um grande desafio, uma vez que as crianças que ficam internadas nas unidades neonatais são as de maior risco para o desmame precoce, seja pela imaturidade ou patologias dos recém-nascidos, internações prolongadas com grande período de separação mãe-filho, seja pela dificuldade dessas mulheres conseguirem manter a lactação por 2-3 meses até que seus filhos tenham condição clínica de mamarem diretamente no seio.
Só sei que, apesar das dificuldades, é muito gratificante trabalhar com essas famílias sabendo que a amamentação pode ser o diferencial para o futuro desses bebês. Associada a todas essas atividades assistências, o que procuro fazer é contribuir com a formação dos alunos e residentes, fazendo com que eles possam também se encantar com o aleitamento materno e, assim, poderem ajudar muito mais mães e crianças.
Dra. Mônica Aparecida Pessoto
Filha de Maria da Glória, irmã de Cristina e tia de Guilherme (18 anos) e Isabella (15 anos).
Pediatra do Departamento Científico de Aleitamento Materno da SPSP.
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Publicado em 20/08/2018.
Este blog não tem o objetivo de substituir a consulta pediátrica. Somente o médico tem condições de avaliar caso a caso e somente o médico pode orientar o tratamento e a prescrição de medicamentos.
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