Sou Isis Dulce Pezzuol, pediatra e homeopata, membro do Departamento Científico de Aleitamento Materno desde 2016. Por que escolhi este, tendo na Sociedade de Pediatria de São Paulo tantos departamentos?
Creio que a explicação remonta a meu início de vida. Família italiana, grande, a filha mais velha, eu teria a tarefa de ajudar com o cuidado das crianças mais novas. Então, o amor pelo cuidar me levou a Medicina e a Pediatria era uma escolha lógica.
Família de mulheres amamentadoras por natureza, não existia a possibilidade de não amamentar seus filhotes. Nunca as vi questionando seu poderoso papel de nutriz. Era a sequência natural da vida. Na falta, a amamentação cruzada acontecia, mesmo não sendo hoje aconselhável.
Aí chegou minha vez. Thiago, filho único, 4 quilos. Para mim a experiência da amamentação foi uma dádiva, com leite materno livre-demanda até o sexto mês, alimentação complementar e manutenção da amamentação por três anos. Desmame guiado por nós dois sem dor, sem traumas. Hoje entendo que fui premiada.
Amamentar é natural, essencial para o bebê e a mãe, mas com certeza não é fácil. Várias vezes fui criticada, algumas pessoas achavam um absurdo amamentar uma criança que vinha andando até mim, porém eu estava devidamente empoderada: “Meu filho, minha cria”. Amamentaria e o desmame aconteceria naturalmente.
Fã e defensora da amamentação, minha entrada no Departamento de Aleitamento Materno da SPSP veio pela busca de academicismo, somando ao que já era muito natural. Não tive, na faculdade, nenhuma aula sobre o aleitamento, daí então a necessidade de aprender mais sobre um tema de minha prática clínica diária. A minha participação no Departamento me permitiu ampliar de forma inimaginável os conhecimentos sobre amamentação, que eu julgava serem suficientes.
Fico muito impressionada com quantas batalhas, em diferentes frentes, os integrantes do Departamento travam. Não imaginava aleitamento com essa extensão, tanto nacional como internacional e aprendo todos os dias.
Na minha prática diária, o aconselhamento, acolhimento, a observação de mamadas durante as consultas têm elevado o tempo e a qualidade da amamentação de meus trinômios: bebê, mamãe e papai. Entendo melhor o papel que o pediatra tem na manutenção do aleitamento até seis meses exclusivo e até dois anos ou mais.
Dra. Isis Dulce Pezzuol
Mãe do Thiago (28 anos).
Pediatra do Departamento Científico de Aleitamento Materno da SPSP.
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Publicado em: 10/08/2018
Este blog não tem o objetivo de substituir a consulta pediátrica. Somente o médico tem condições de avaliar caso a caso e somente o médico pode orientar o tratamento e a prescrição de medicamentos.
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