Eu concluí a faculdade de Medicina em 1979 e a residência médica em Pediatria em 1982, ano que nasceu meu primeiro filho, o Renato. E foi aí que aconteceu meu primeiro contato com aleitamento materno. Estranhou a afirmação?
Mesmo em uma das melhores faculdades de Medicina do País, e depois em uma das mais tradicionais residências médicas de São Paulo, não tive quase nenhum curso ou estágio específico a respeito de amamentação durante esses nove anos de estudo, e assim era a grade curricular.
Nessa mesma época, com a indústria em pleno crescimento, nós, pediatras, recém-formados, desempregados e, até como eu, recém-casados, éramos foco de atenção especial e recebíamos, “gratuitamente”, estoque de fórmulas infantis por seis meses, assim que nossos filhos “precisassem”.
Além disso, a licença-maternidade era de 86 dias. E minha esposa teve que sair 15 dias antes, encurtando, assim, o período para 72 dias, voltando a seguir para o trabalho, como nutricionista, em um hospital que tinha creche. A rotina alimentar era suco aos dois, frutas com três e almoço aos quatro meses. O uso de fórmulas aconteceu como complemento aos cinco meses com desmame aos seis meses e meio.
Após dois anos (1984), veio o Danilo. Mesmo nessa época, a minha informação a respeito da importância do aleitamento materno não era muito melhor do que antes. A volta ao trabalho aconteceu após os 86 dias. Nessa época, as avós (Raquel e Regina) nos ajudaram muito, cuidando deles enquanto nós trabalhávamos (e muito) e já ofereciam suco e frutas também, e a fórmula veio apenas aos quatro meses e meio. Com essa ajuda a mais, o desmame ocorreu próximo aos 11 meses.
Nessa época, eu acordava assim que eles choravam à noite e aos finais de semana (entre os plantões), e os trazia para que fossem amamentados, depois trocava as fraldas e os colocava para dormir. Esse foi o “nosso possível”.
Minha experiência profissional, com a observação das crianças que acompanhava, tanto nos hospitais e maternidades, quanto em meu consultório, me mostraram o tanto que eu tinha e ainda tenho que aprender a respeito da amamentação e do leite materno.
E é esse desafio que me faz querer ir além e transmitir, sempre que eu posso, no consultório, pelas redes sociais e mídia digital, com aulas e cursos que eu ministro a importância da amamentação. E não poderia estar mais feliz e agradecido por participar dos Departamentos Científicos de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo e da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Dr. Yechiel Moises Chencinski
Marido da Janice, pai do Renato (36 anos) e Danilo (34 anos).
Presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da SPSP.
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Publicado em 30/08/2018.
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