Alerta Coqueluche

Relatora: Dra. Lúcia Ferro Bricks
Professora Doutora do Departamento de Pediatria, Faculdade de Medicina da USP. Médica assistente do  Instituto da Criança, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e membro do Depto. de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da SPSP.

 

Entre 2009 e 2011, diversas epidemias de coqueluche foram registradas nos EUA, Austrália, Europa, Nova Zelândia, Uruguai e Chile. No Brasil, apesar das dificuldades em confirmar o diagnóstico da doença, em 2011, foram confirmadas 40 mortes por coqueluche, todas em lactentes jovens.

O ser humano é o único hospedeiro da B pertussis. Os bebês, em mais de 75% dos casos, adquirem a doença, através do contato com familiares, cuidadores e profissionais de saúde que, geralmente, apresentam quadros de tosse prolongada sem febre. O diagnóstico de coqueluche frequentemente se confunde com o de outras doenças respiratórias e a coinfecção com outros patógenos (VSR – Vírus Sincicial Respiratório), ocorre em 8 e 16%. Os prematuros e lactentes mais jovens apresentam alto risco de complicações e morte. A coinfecção viral pode ser o fator de pior prognóstico.

Nas regiões onde existe baixa cobertura nas doses de reforço no segundo ano de vida  pré-escolar, a criança é o principal reservatório da bactéria; nos locais onde as coberturas vacinais são altas, adolescentes e adultos jovens são as principais fontes de infecção para os bebês. A proteção, após última dose de vacinas de células interinas, vacinas acelulares ou mesmo doença, dura entre 5 a 10 anos. Uma vez que a vacinação e a doença conferem imunidade por tempo limitado, adolescentes e adultos que vivem em regiões onde a circulação da bactéria é reduzida, tornam-se novamente suscetíveis e devem ser vacinados com vacinas especialmente formuladas para dose de reforço (dTaP – Difteria, Tétano e Pertussis acelular  ou  dTap-IPV – Difteria, Tétano, Pertussis acelular e Pólio inativada).

Ressaltamos que os profissionais de saúde, particularmente, os que têm contato com lactentes jovens e pacientes imunocomprometidos, é um grupo considerado prioritário para vacinação contra pertussis e pólio para evitar risco de adquirir e transmitir estas doenças no seu ambiente de trabalho e também para seus familiares.

É importante que os pediatras estejam atentos para a reemergência da pertussis e orientem familiares sobre riscos e benefícios das novas vacinas.

Texto divulgado pela SPSP em 17/05/2012