Alerta Sarampo: Campanha para crianças entre 1 e 6 anos de idade

Relatora: Dra. Helena Keico Sato
Presidente do Departamento de Infectologia da SPSP e Diretora Técnica da Divisão de Imunização do Centro de Vigilância Epidemiológica/Centro de Controle de Doenças da Secretária Estadual de Saúde – SP.

 

Fonte: CDC                                                

Campanha de sarampo para crianças entre 1 e 6 anos de idade 

Como está a situação epidemiológica do sarampo no Brasil e no mundo?
Os últimos casos autóctones de sarampo no Estado de São Paulo (ESP) ocorreram no ano de 2000. Entre 2001 e 2005 foram confirmados apenas quatro casos importados, relacionados ao genótipo D5 circulante na Ásia. Após cinco anos sem nenhum registro de sarampo, em 2011 até o momento já foram confirmados quatro casos no ESP (relacionados ao genótipo D4, circulante na Europa) na região de Campinas: dois casos em adultos, ambos com 41 anos de idade, sem comprovação de vacina, um caso em uma criança de 7 anos não vacinada e um caso em adulto jovem de 21 anos, vacinado mas com histórico de posterior tratamento quimioterápico na primeira década de vida. Os quatro pacientes tiveram boa evolução, sem complicações.
O Brasil interrompeu a circulação endêmica do vírus do sarampo em 2000. Entre 2001 e 2010 foram confirmados no país 135 casos, todos importados ou relacionados a importação, sendo identificados genótipos circulantes em outros continentes D5 ( Ásia), D6 (Europa), B3 (África) e D4 (Europa). Em 2011, até o momento foram confirmados 16 casos: 3 em São Paulo, 1 no Mato Grosso do Sul, 6 no Rio Grande do Sul, 4 no Rio de Janeiro, 1 no Distrito Federal, 1BA..
Segundo a Organização Mundial da Saúde e a Organização Pan-americana de Saúde, o vírus do sarampo em 2011 circula nos cinco continentes com surtos em vários países, principalmente na Europa. Desde janeiro já foram registrados mais de 6500 casos, sendo 5000 apenas na França.

Por que realizar uma Campanha de vacinação?
A alta transmissibilidade do sarampo, a freqüência e a facilidade dos deslocamentos internacionais e nacionais nessa década, constituem permanentes desafios à consolidação da eliminação do sarampo.
Com a chegada das férias de julho verifica-se o aumento de fluxo de turistas estrangeiros para o Brasil e também a ida de brasileiros para o exterior e com o objetivo de manter o Brasil sem transmissão disseminada do vírus do sarampo foram intensificadas as ações de vigilância epidemiológica e antecipada a Campanha de vacinação contra o sarampo, que seria realizada em agosto.

Qual o período da Campanha e quais deverão ser vacinadas?
Durante o período de 18 de junho a 22 de julho de 2011, além da Campanha Nacional de Vacinação contra a Paralisia Infantil estará sendo realizada também uma Campanha de vacinação contra o sarampo.
Os objetivos dessa Campanha são incrementar as coberturas vacinais das primeiras e segundas doses e a redução de casos de falhas vacinais primárias e secundárias. Nessa Campanha serão vacinadas todas as crianças entre 1 e 6 anos de idade, independente de doses anteriores recebidas; esta estratégia é fundamental para garantir elevadas coberturas vacinais.

Quais as contra-indicações da vacina tríplice viral?
A vacina tríplice viral é contraindicada nas seguintes situações:
– Presença de imunodeficiência congênita ou adquirida
– Crianças HIV+ sintomáticas graves e/ou com imunodepressão grave:
neoplasia maligna, submetidas a transplante de medula ou outros órgãos, tratamento com corticosteróides em dose elevada (equivalente a prednisona na dose de 2 mg/kg/dia ou mais, por mais de duas semanas), ou submetidas a outras terapêuticas imunodepressoras (quimioterapia antineoplásica, radioterapia, etc.)
– História de reação anafilática em dose anterior ou a qualquer componente
A meta em São Paulo será vacinar cerca de 3,2 milhões de crianças.

Quais são as principais manifestações clínicas do sarampo e as complicações?
O vírus do sarampo é transmitido diretamente pessoa a pessoa, através das secreções nasofaríngeas expelidas ao tossir, espirrar, falar ou respirar. Essa forma de transmissão é responsável pela elevada contagiosidade da doença. O período de incubação geralmente é de 10 dias (variando entre 7 e 18 dias), o de transmissibilidade cerca de 4 dias antes do início do exantema até 4 dias após.
O sarampo caracteriza-se por febre elevada, exantema máculo-papular generalizado, tosse, coriza, conjuntivite e manchas de Koplik. As principais complicações são a otite média aguda, broncopneumonia, diarreia, laringo-traqueobronquite e encefalite.
Os principais diagnósticos diferenciais são: rubéola, escarlatina, roséola, eritema infeccioso e dengue.

Fonte: COVER/SVS/M

 

Como proceder frente a uma caso suspeito de sarampo?
As pessoas com febre e exantema máculo-papular, acompanhados de um ou mais dos seguintes sinais e sintomas: tosse e/ou coriza e/ou conjuntivite; ou toda pessoa suspeita de sarampo com viagem ao exterior nos últimos 30 dias ou de contato, no mesmo período, com alguém que viajou ao exterior. Todo caso suspeito de sarampo deve ser notificado em 24h a Vigilância Epidemiológica Municipal ou ao Centro de Vigilância Epidemiológica no telefone 0800555466, ou através do site http://www.cve.saude.sp.gov.br . É fundamental a coleta de sorologia e o envio da amostra para o Instituto Adolfo Lutz.  

Qual o esquema vacinal para s pessoas que vão viajar para o exterior?
As pessoas que já estiverem com a vacina em dia e com anotação em carteira não necessitarão receber a vacina tríplice viral (contra o sarampo, rubéola e caxumba).
Por recomendação do Ministério da Saúde e da Organização Pan-americana de Saúde, considerando-se a situação epidemiológica do sarampo no mundo, recomenda que as crianças a partir de 6 meses de idade já sejam vacinadas. As crianças vacinadas entre 6 meses e 11 meses de idade, necessitarão receber mais duas doses da vacina tríplice vira: aos 12 meses de idade  e uma outra entre 4 e 6 anos de idade.

 


Texto divulgado em 1/07/2011.