Alergias a picadas de insetos e medicamentos: o que fazer?

Seu filho apareceu com bolinhas e vermelhidão na pele que coçam muito? Pode ser sinal de alergia. As alergias cutâneas são frequentes em crianças e podem ser causadas por diversos fatores.

O verão chegou, época de multiplicação dos insetos e também de as crianças permanecerem com poucas roupas, por isso os pais devem ficar atentos às picadas. As ferroadas de inseto podem causar, tanto reação tóxica (local ou sistêmica – em várias partes do corpo), como reação alérgica (local extensa ou sistêmica-anafilática). A maioria das crianças apresenta reação inflamatória no local da picada com a introdução do veneno, o que se resolve em algumas horas. No entanto, as crianças que sofrem múltiplas picadas (por exemplo, mais de 30 picadas de abelha) podem apresentar reação sistêmica e perigosa semelhante à alérgica.

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Quando a criança tem alergia, é possível que ela desenvolva uma resposta à saliva do inseto e apresente vermelhidão, bolinhas e coceira de 12 a 48 horas após a ferroada e que demora em torno de 1 semana para regredir. Essa reação alérgica é chamada de local extensa. O principal problema que pode ocorrer é o fato de a coceira provocar escoriações na pele, formando feridas que podem se infectar com bactérias provenientes da unha das crianças. A maior atenção deve ser às ferroadas no pescoço, pelo risco de inchaço importante na região.

Algumas crianças podem apresentar reação muito grave que se inicia rapidamente após a picada, em torno de 15 a 20 minutos, e pode causar: placas vermelhas e fugazes na pele, coceira, mal-estar, chiado no peito, náuseas, vômitos, dor abdominal, diarreia, inchaço, rouquidão, fraqueza, confusão mental e até perda de consciência. Os insetos mais envolvidos nas reações graves, chamadas de anafiláticas, são as abelhas, vespas e formigas.

Algumas maneiras de prevenir o problema são: colocar telas nas janelas e fechá-las antes das 17 horas, fixar um mosquiteiro sobre a cama da criança e eliminar os formigueiros do quintal. Além disso, vestir a criança com roupas leves de mangas compridas e com punhos fechados para cobrir braços e pernas, ou ainda calçá-las com sapatos fechados e utilizar repelentes nas crianças maiores, caso sejam atóxicos e recomendados pelo pediatra. O local das lesões provocadas pelas picadas de insetos deve ser mantido limpo, lavando com água e sabão. Se não houver melhora, os pais ou responsáveis devem procurar o pediatra.

Alergia a medicamentos

As reações alérgicas a medicamentos têm uma prevalência na infância de aproximadamente 5% e são, na sua maioria, leves e imediatas com a ocorrência de vermelhidão, coceira na pele, inchaço nas pálpebras, mas podem ser graves quando ocorrem falta de ar, edema de glote, anafilaxia e choque anafilático.

Os principais responsáveis por essas reações são os anti-inflamatórios (medicamentos para dor e febre), seguidos por antibióticos da classe das penicilinas e amoxicilinas, amplamente utilizados na faixa etária pediátrica.

Quando uma criança apresenta uma reação adversa durante um tratamento medicamentoso, seja para uma otite, amigdalite ou uma simples febre, a insegurança e o medo passam a assombrar a família: “e se ela precisar tomar remédio novamente?”.

Mas será que a reação foi mesmo alérgica? Qual foi o medicamento responsável? Quais as orientações para tratamentos futuros?

É importante ressaltar que muitas infecções podem causar por si só quadros de vermelhidão e coceira no corpo, que se confundem com processos alérgicos. Também causam confusão as situações nas quais dois ou mais medicamentos estão sendo utilizados ao mesmo tempo no momento em que ocorre a reação.

Para se chegar a um diagnóstico preciso, é necessária uma investigação minuciosa que inclui história clínica, exames e testes elaborados pelo médico capacitado para tal.

Após a avaliação completa, a família receberá por escrito as orientações sobre qual(is) medicamento(s) são proibidos e quais podem ser utilizados com segurança, evitando-se assim restrições a tratamentos e inseguranças desnecessárias.

As informações sobre alergia a medicamentos devem constar de um documento e pulseira de identificação.


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Relatoras
Vera Esteves Vagnozzi Rullo
Cristina Frias Sartorelli de Toledo Piza
Departamento Científico de Alergia da Sociedade de Pediatria de São Paulo