Relatora: Dra. Adriana Mazzoni
Odontopediatra e membro do Grupo de Trabalho “Saúde Oral” da SPSP
A amamentação é a melhor experiência para a mãe e o bebê, com benefícios para a saúde física e mental de ambos. Toda a percepção e comunicação do bebê começa pela boca: o tato, o paladar, a temperatura, o olfato, a sensibilidade profunda através da deglutição.
O neonato apresenta a mandíbula em relação distal com referência à maxila – sendo em média menor para o sexo feminino – e com os movimentos de sucção, a mandíbula se desenvolve até atingir a oclusão em equilíbrio.
A cavidade bucal cumpre o papel de alimentar. Do ponto de vista morfológico também de lábios, vilosidades, concavidade palatina (pouca profundidade) e do auxílio da musculatura.
Durante a amamentação no peito, os bebês fazem até 3.500 movimentos de sucção.
Durante o processo de aleitamento materno deve ocorrer perfeita sincronia entre fluxo de leite e velocidade de sucção, que determina o momento exato da deglutição, das pausas respiratórias e também da força muscular exercida. Com estes movimentos constantes e diários, as arcadas se desenvolvem harmoniosamente, assim como os músculos orofaciais, constituindo a estrutura correta que, através da maturação do sistema nervoso central, permite que novas funções se desenvolvam, como, por exemplo, a respiração nasal correta se o nariz estiver obstruído, e começam os primeiros movimentos de mastigação.
A melhor posição para o aleitamento materno é aquela em que o bebê fica ligeiramente sentado, encostado ao corpo da mãe, a barriga do bebê na barriga da mãe, e a cabeça da nutriz fica apoiada próxima à dobra do cotovelo da mãe, a boca de frente para o bico do peito, com o bebê mamando nos dois peitos. Essa posição favorecerá o desenvolvimento de lateralidade e uma futura simetria facial e corporal, além do vínculo de amor mãe-bebê. Quanto maior o tempo de aleitamento materno, menor a frequência de hábitos de sucção persistentes.
Para o Grupo de Saúde Oral da SPSP, a amamentação representa o fator inicial para um perfeito equilíbrio neuromuscular dos tecidos que envolvem o aparelho mastigatório. Também favorece o crescimento e desenvolvimento orofacial, reforça o circuito neurofisiológico da respiração, com consequente desenvolvimento harmonioso da face e estruturas adjacentes, além de auxiliar o desenvolvimento da lateralidade, ajudando a formar a correta simetria estrutural. O aleitamento materno diminui o risco de cáries, além das características nutricionais, imunológicas e psicológicas.
Texto original publicado no Boletim “Pediatra Informe-se” Ano XXVII • Número 160 • Novembro/Dezembro de 2011