O jornal O Globo publicou matéria sobre uma nova orientação para psicólogos americanos que diz que a adolescência agora vai até os 25 anos, não mais até os 18 anos como se dizia até então. De acordo com o artigo, a mudança ajuda a garantir que jovens de 18 anos não se encaixem nas lacunas no sistema de saúde e educação – nem criança, nem adulto – e acompanha os acontecimentos em nossa compreensão de maturidade emocional, desenvolvimento hormonal e atividade cerebral. No entanto, o professor de sociologia Frank Furedi, da Universidade de Kent, citado na matéria dO Globo, defende que já há um grande número de jovens infantilizados e que a medida só vai fazer com que homens e mulheres fiquem ainda mais tempo na casa dos pais.
O Globo, 24 de setembro de 2013
http://oglobo.globo.com/saude/nova-orientacao-para-psicologos-prega-que-adolescencia-agora-vai-ate-os-25-anos-10127417#ixzz2fuVtOQEn
Comentários:
Dr. Carlos Landi
Dra. Andrea Hercowitz
Departamento Científico de Adolescência da SPSP
Há alguns meses a mídia vem divulgando a notícia de uma nova recomendação para que os psicólogos americanos considerem adolescentes os indivíduos de até 25 anos, atitude que vem sendo discutida por especialistas de todo o mundo.
A adolescência, definida pela OMS como o período entre os 10 e os 20 anos incompletos, é caracterizada por uma série de transformações, tanto físicas (conhecida como puberdade) como psicológicas e sociais. É esperado que ao final da adolescência os jovens estejam não só com sua maturidade biológica, mas também com sua identidade formada e tenham alcançado sua estabilidade emocional, afetiva e financeira.
O início e o fim da adolescência sempre foram difíceis de determinar. O que se tem observado nas últimas décadas é um alargamento desta fase, com comportamentos típicos de adolescentes aparecendo desde a infância até a idade adulta. De um lado temos as crianças perdendo sua infância cada vez mais cedo, com atitudes, formas de falar e de vestir cada vez mais próximas aos adolescentes. Do outro lado vemos os jovens que, ao mesmo tempo que sonham com sua liberdade, não querem abrir mão do conforto e dos benefícios de serem dependentes.
O adulto jovem da atualidade mantém no seu dia a dia comportamentos típicos de adolescentes e tende a prolongar o tempo de dedicação aos estudos, atrasando a sua inserção no mercado de trabalho, a consequente independência financeira e a entrada no mundo adulto.
É preciso cuidado ao se estender didaticamente a adolescência até os 25 anos, para não contribuir com a infantilização dos jovens, dificultando sua inserção na sociedade. Cabe aos pais continuar monitorando e apoiando seus filhos adolescentes de maneira a lhes dar oportunidade de crescer e adquirir sua identidade adulta, madura, consciente e independente.
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Publicado em 2 de abril de 2014.
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