Acidentes por animais peçonhentos: como prevenir e o que fazer

Animais peçonhentos são aqueles que produzem peçonha (veneno) e têm condições naturais para injetá-la em presas ou predadores.
Nos últimos anos, foram registrados no Brasil cerca de 140 mil acidentes por animais peçonhentos, dentre serpentes, aranhas, escorpiões, lagartas, abelhas e outros em menor proporção.
Esses acidentes são mais comuns nos meses de verão, devido ao calor, umidade e período de reprodução. Manter a higiene e limpeza é fundamental, uma vez que lixo e entulhos podem servir de abrigo para muitos destes animais, além de funcionarem como chamariz para sua alimentação.

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Devido ao alto número de ocorrências, esse tipo de acidente foi incluído na Lista de Notificação Compulsória do Brasil, ou seja, todos os casos devem ser notificados ao Governo Federal imediatamente após a confirmação. Essa medida ajuda a traçar ações para prevenção.
O acidente ofídico é aquele causado pela picada de serpentes. Divide-se em quatro tipos, dependendo da serpente (jararaca, cascavel, surucucu e coral verdadeira) e causam diferentes manifestações clínicas: inchaço, vermelhidão, manchas arroxeadas, dor ou dormência no local da picada. Além disso, as vítimas também podem apresentar alterações na urina, pálpebras caídas, vômito, diarreia, dor abdominal e sangramento nas gengivas. Dependendo da quantidade de veneno injetado e do tamanho da cobra, os sintomas podem ser mais ou menos graves.

O que fazer em caso de acidente

  • Procure atendimento médico imediatamente.
  • Informe ao profissional de saúde o máximo possível de características do animal, como: tipo, cor, tamanho, etc.
  • Se possível – e caso não atrase a ida do paciente ao atendimento médico – lave o local da picada com água e sabão, mantenha a vítima em repouso e com o membro acometido elevado até a chegada ao pronto-socorro.
  • Se a picada ou ferroada foi na extremidade do corpo (braço, mão, perna e pé), retire acessórios que possam comprimir e comprometer a circulação de sangue como anéis, fitas e calçados.
  • O que NÃO fazer: NÃO amarrar (torniquete) o membro acometido, NÃO cortar e/ou aplicar qualquer tipo de substância (pó de café, álcool, entre outros) no local da picada; NÃO tentar sugar o veneno (isto apenas aumenta a chance de infecção local).
    A utilização de antídotos (conhecidos como “soro”) será indicada pelo médico, durante o atendimento da vítima, baseada em protocolos disponíveis no site do Ministério da Saúde e que são constantemente atualizados.

Como prevenir

O risco de acidentes com animais peçonhentos pode ser reduzido tomando-se algumas medidas gerais:

  • Usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem.
  • Examinar calçados, roupas pessoais, de cama e banho, antes de usá-los.
  • Afastar camas das paredes e evitar pendurar roupas fora de armários.
  • Não acumular entulhos e materiais de construção.
  • Limpar regularmente móveis, cortinas, quadros, cantos de parede.
  • Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés.
  • Utilizar telas, vedantes ou sacos de areia em portas, janelas e ralos.
  • Manter limpos os locais próximos das casas, jardins, quintais, paióis e celeiros.
  • Evitar plantas tipo trepadeiras e bananeiras junto às casas e manter a grama sempre cortada.
  • Limpar terrenos baldios, pelo menos na faixa de um a dois metros junto ao muro ou cercas.
  • Cuidado ao se aproximar da vegetação, gramados e jardins no amanhecer e entardecer, pois é nesse momento que as serpentes estão em maior atividade.
  • Não acampar próximo a áreas onde há roedores (plantações, pastos ou matos) e, por conseguinte, maior número de serpentes.
  • Evitar piqueniques às margens de rios, lagos ou lagoas e não se encostar em barrancos durante pescarias ou outras atividades.
  • Combater roedores e insetos, principalmente baratas (são alimentos para escorpiões e aranhas).
  • Se encontrar um animal peçonhento, afaste-se com cuidado e evite assustá-lo ou tocá-lo (mesmo que pareça morto!). Procure a autoridade de saúde local para orientações.

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Relatores:
Dra. Andréa M. A. Fraga
Dr. Fernando Belluomini
Dra. Andressa Oliveira Peixoto
Departamento Científico de Emergências da Sociedade de Pediatria de São Paulo