A convivência e compreensão da diversidade e a variabilidade de inúmeras situações que modelam a vida, possivelmente, “imprimem” e organizam as condições que determinam a performance individualizada, são ornamentos que tendem a modelar as habilitações que construirão as diferenças entre os irmãos.
Estamos nos deparando com um tema que a princípio nos remete aos preâmbulos de alguns argumentos de origem bíblica, quando Deus, após acreditar no seu produto que semearia o melhor de suas possibilidades criativas, concedendo ao ser humano poder divino de multiplicar-se, a esta conquista chamamos de elaboração da prole, que por sua vez induz os primeiros alicerces do “egoísmo” do DNA.
Certamente essa intenção deveria ser “maestrada” pela perfeição do projeto inicial da conquista de ter filhos. Mas algo pode ter interferido não só durante a gestação, mas ao longo do processo do desenvolvimento do/s filhos (irmãos). Isto é dar a oportunidade do reconhecimento da impregnação da força divina deste produto, chamado de irmãos.
É possível que o que chamamos de “caráter” tenha determinantes epigenéticos (mediação do ambiente na construção genética preestabelecida). Uma abordagem de bases primariamente nutricional deverá ser entendida como fator organizador e transformador do futuro, caracterizando que de fato determinantes epigenéticos não podem ser consideradas como condições fixas, inalteráveis ou imutáveis.
A influência do convívio familial, social e educacional deve ser compreendida como principal alicerce na construção do potencial cognitivo de irmãos, que certamente será modelado não apenas pelas bases nutricionais, como também pelo espírito de compartilhamento. O ajuste comportamental de irmãos deve ser compartilhado pelos pais principalmente se a idade dos irmãos for mais próxima, enquanto diferenças significativas de idade terão que ser modeladas considerando o respeito à maturidade e ao senso de responsabilidade, com bases no status econômico da família, benefícios e desvantagens, número de irmãos e número de responsáveis na casa da família, com o bem-estar e aceitação das relações para desempenhar um papel essencial do partilhar eventuais impactos na saúde emocional e equilíbrio mental dos irmãos, principalmente com relação ao seu desenvolvimento.
Irmãos de sexo diferente terão que ser orientados adequadamente, principalmente na relação de seus momentos de faixa etária, evocando elaboração do melhor equilíbrio possível, alicerçado na sociedade e cultura em que vivem.
Respeitar e acreditar nas oportunidades que serão compartilhadas muito provavelmente são os maiores instrumentos que ornamentam a integridade das relações entre irmãos.
Pode ocorrer a necessidade de uma intervenção que predominantemente será na dinâmica da família, principalmente na atitude comportamental dos irmãos, entendendo-se que as experiências, as necessidades e o complexo processo de equilíbrio entre gerações podem impactar no melhor entendimento do contexto de todo o sistema, que busca principalmente a melhor estabilidade com as intervenções nas perspectivas do sistema interpessoal/familiar e não no nível individual.
A expressão de “amor” experimenta um relacionamento positivo e caloroso especialmente quando os irmãos amadurecem e este acarretará resultados que terão solidificações no impacto psicossocial, bem como dos desafios e recompensas da integridade no entendimento da irmandade.
Relator:
Zan Mustacchi
Departamento Científico de Genética da Sociedade de Pediatria de São Paulo
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