31 de maio – Dia Mundial sem Tabaco

31 de maio – Dia Mundial sem Tabaco

Os jovens, em idade cada vez mais precoce, encantam-se com o mundo mágico de novidades. Na adolescência, a busca pelo conhecimento, o aprendizado pela experimentação e o gosto pela aventura são um terreno propício para a iniciação, além da influência genética, pelas facilidades socioambientais e familiares. Apesar de ser proibido no Brasil pela Anvisa desde 2009, adolescentes e jovens têm acesso fácil ao cigarro eletrônico por meio da comercialização na internet, no comércio informal ou adquirido no exterior. O líquido contido no cigarro eletrônico (também chamado Vapers, Pod) possui nicotina e outros produtos químicos, inclusive THC (componente psicoativo da maconha). Os adolescentes podem começar a usar o cigarro eletrônico por curiosidade ou atraídos pela ideia de que ele pode ajudar a deixar o tabagismo.

O risco de iniciação ao tabagismo é significativamente maior entre usuários de cigarro eletrônico. Pesquisadores do INCA avaliaram através de revisão sistemática e metanálise mostrando que o uso dos cigarros eletrônicos aumenta em quase três vezes e meia o risco de o indivíduo experimentar o cigarro convencional, e em mais de quatro o risco de passar a utilizar, posteriormente, cigarro convencional.

A OMS já listou mais de 100 razões para parar de fumar, dentre elas que “o cigarro é responsável por 25% das mortes por câncer e pelo risco aumentado de doenças cardiovasculares”.

Não menos importante é o tabagismo passivo: quando um cigarro é aceso, somente uma parte da fumaça é tragada pelo fumante, o restante é lançado ao ambiente pela ponta acesa. O perigo é ainda maior aos bebês fumantes passivos, pois o desenvolvimento incompleto do aparelho respiratório e a relação entre o volume de substâncias tóxicas inaladas e o peso da criança tornam a exposição ao cigarro ainda mais maléfica durante a infância. As crianças maiores expostas à fumaça têm maior frequência de resfriados, otites, bronquites, pneumonias e piora das crises de asma.

As gestantes expostas à fumaça correm o risco de ter bebês com malformações congênitas, baixo peso ao nascer ou ainda natimortos. Em relação aos bebês em fase de amamentação, estudos apresentados pela Sociedade Brasileira de Pediatria sugerem que eles podem ter menor capacidade intelectual, maior risco de morte súbita e grave acometimento respiratório e imunológico.

 O tabagismo é uma doença inscrita na Classificação Internacional de Doenças e merece nossa atenção, combate e cuidados redobrados, por suas danosas consequências. A potencialização das ações educativas, de comunicação, de atenção à saúde, junto com o apoio à adoção ou cumprimento de medidas legislativas e econômicas devem ser feitas para prevenir a iniciação do tabagismo, principalmente entre crianças, adolescentes e adultos jovens.

 

Saiba mais:

https://www.who.int/news-room/spotlight/more-than-100-reasons-to-quit-tobacco

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/eu-quero-parar-de-fumar/noticias/2021/criancas-que-convivem-com-fumantes-que-consequencias-podem-sofrer

 

Relatora:
Karina Pierantozzi Vergani
Pneumologista Pediátrica
Departamento Científico de Pneumologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo