27 de setembro: Dia Nacional de Doação de Órgãos

27 de setembro: Dia Nacional de Doação de Órgãos

Vamos falar sobre transplante e doação de órgãos?

Também conhecido como “Setembro Verde”, o “Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos” foi instituído pela Lei no 11.584/2007 e é comemorado no dia 27 deste mês, data atribuída à realização do primeiro transplante da humanidade. Conta-se que São Cosme e São Damião, irmãos gêmeos e médicos, realizaram o primeiro transplante de um membro nesse dia e desde então o mês de setembro é dedicado à conscientização pública sobre os potenciais doadores de órgãos, bem como à sensibilização de seus familiares sobre a importância da doação.

Apesar do Brasil ter o maior programa público de transplante de órgãos do mundo, há quase 60.000 brasileiros – incluindo crianças – na fila de espera aguardando por um rim, fígado, coração, entre outros órgãos e tecidos. Durante a pandemia de covid-19 houve uma queda de 13% no número de transplantes. Com o avanço da vacinação e a redução do número de casos de covid-19, os programas de transplante vêm testemunhando um aumento do número de procedimentos, porém o crescimento da fila de espera ainda é maior do que a oferta de doadores e é fundamental a conscientização da população sobre esse assunto.

Pode parecer uma questão insignificante e distante, mas quem já vivenciou o drama de um parente, amigo, um pai, uma mãe ou um filho com um problema de saúde grave, incapacitante, progressivo e irreversível, certamente considerou o tema “doação de órgãos” como uma prioridade para a realização de um transplante. Nestes casos, o transplante pode ser a única esperança e recomeço não só de uma, mas de várias vidas beneficiadas por esse ato louvável e soberano.

A legislação atual exige o consentimento, a permissão e a autorização final dos familiares para a doação de um órgão de um potencial doador em morte encefálica, mesmo que ele tenha manifestado ou registrado o seu desejo em vida.

Num cenário crítico de um potencial doador de órgãos, a equipe médica realiza um protocolo bem estabelecido e rígido, incluindo a história, dados clínicos e o exame físico, adicionados à realização de testes especiais e complementares para a constatação inquestionável da morte encefálica.

Um paciente se encontra em morte encefálica quando há a confirmação da interrupção da irrigação sanguínea e morte das células do sistema nervoso central. Este cenário é irreversível e incompatível com a vida. Nesse período, ainda há uma circulação sanguínea temporária e breve para outros órgãos. É justamente nessa “janela de tempo” que se realiza o processo da retirada desses órgãos do doador (considerado morto) para o paciente receptor de órgãos, o qual se encontra em espera na fila. Desta forma, é vital a brevidade na autorização dos familiares para o órgão se manter viável para esse ato de amor e caridade.

Após essa autorização e a efetivação da doação, as Centrais de Transplante Estaduais realizam a seleção de doadores compatíveis, através de um registro de lista de espera, incluindo também algumas situações especiais de prioridade, estabelecidas por lei. Após a retirada dos órgãos e tecidos da pessoa morta, os cortes realizados são suturados e todos os cuidados são realizados, de tal forma que não há nenhuma percepção de qualquer deformidade. Posteriormente, o corpo poderá ser velado por seus familiares e sepultado.

É muito importante se informar e esclarecer as dúvidas sobre este tema ainda polêmico e pouco compreendido. Conversar com seus familiares e amigos, comunicar sobre o seu desejo de doação e quebrar as barreiras e as superstições envolvidas são fundamentais para o sucesso dos programas de transplante dos adultos e de nossas crianças.

A doação de órgãos é um dos maiores gestos de amor e humanidade! Um doador pode salvar mais de 8 vidas (ABTO – Associação Brasileira de Transplante de Órgãos).

Doe órgãos, doe vida.

 

Relatores:
Olberes Vitor Braga de Andrade
Lilian Monteiro Pereira Palma
Membros dos Departamentos de Nefrologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo e de Nefrologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Nefrologia

 

Foto: @atlascompany / www.freepik.com