Estamos há exatos 60 anos da Lei nº 4.119, que regulamentou a profissão de Psicologia, sancionada em 27 de agosto de 1962, dando origem à data comemorativa que passou a homenagear esse profissional plural que é o psicólogo.
Da construção grega dos termos PSYKHE = alma e LOGIA = estudo, que a definiu como o “estudo da alma”, a psicologia se ocupa da complexidade dos processos mentais e sua repercussão em toda a vida do indivíduo no âmbito físico, interpessoal, social, político e cultural, o que a coloca necessariamente em interlocução com as demais áreas de conhecimento, que não podem prescindir de suas contribuições para uma visão global do indivíduo e dos grupos humanos.
Essa característica multifacetada da Psicologia se desdobra na amplitude de seu campo de atuação: escolar, hospitalar, empresarial, esportivo, jurídico, além de sua mais conhecida atuação em consultórios e ambulatórios, mais especificamente no trabalho individual de psicoterapia. Além do vértice prático, tem forte atuação no campo acadêmico desde 1879, quando Wilhelm Wundt abriu o primeiro laboratório experimental de Psicologia na Universidade de Leipzig, na Alemanha.
A Pediatria é um dos campos de fundamental importância para essa interlocução e parceria, pela importância de considerar os processos mentais desde o ventre materno e nos primeiros anos de vida da criança, como estrutura básica do que se considera saúde global.
Corpo e psiquismo estão em permanente articulação, e as consideradas “doenças do corpo” são também formas de expressão de sofrimento psíquico, que precisa ser compreendido nessa natureza multidisciplinar. Com o conhecimento mais sofisticado que hoje se tem sobre o indivíduo, não podemos mais manter o equívoco de um corpo funcionando em separado de sua mente. É preciso um cuidado amplificado, seja ao próprio indivíduo, ao ambiente e ao grupo ao qual pertence.
A pandemia revelou a importância dessa ampliação da atenção à saúde, e o quanto a saúde mental se mostrou em estado de emergência. Hoje temos um cenário de extrema preocupação, ao ver o sofrimento e a desesperança de crianças e jovens que desistem da vida. É urgente essa aliança multidisciplinar para acolher o estado agudo de sofrimento físico e mental que assola a infância e adolescência.
Nós, como Sociedade de Pediatria, reconhecemos e acolhemos essa multiplicidade de saberes para o cuidado com a criança e o adolescente. A homenagem aos Psicólogos na data de hoje é apenas a reiteração desse nosso compromisso. Parabéns, colegas Psicólogos!
Relatora:
Denise de Sousa Feliciano
Presidente do Núcleo de Estudos de Saúde Mental da Sociedade de Pediatria de São Paulo
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