Sociedade de Pediatria de São Paulo
Texto divulgado em 25/03/2022
No Dia Mundial de Conscientização da Epilepsia aproveitamos para destacar alguns aspectos pediátricos relevantes.
A Epilepsia é uma das doenças neurológicas mais comuns que acontecem em crianças, sendo maior a sua incidência no primeiro ano de vida e predominando em países e em pessoas de renda mais baixa. A incidência na população mundial é de 40 a 70/100.000 sabendo-se que cerca de 50 milhões de pessoas apresentam algumas de suas formas clínicas. Considerando-se as crianças, a cifra de incidência no primeiro ano é de 144/100.000, sendo que de 1 a 10 anos é 58/100.000.
As crises epiléticas apresentam-se com tipos variados e seus aspectos são decorrentes de descargas neuronais que podem se referir à regiões específicas do cérebro, ou então descargas amplas e difusas dos neurônios cerebrais. No primeiro caso, os sinais serão localizados: por exemplo, contrações rápidas somente da mão direita ou contrações de um lado da face, podendo ocorrer perda ou não de consciência.
Já as crises generalizadas são as mais popularmente conhecidas e se caracterizam por movimentos de todo corpo, com movimentos de flexão e extensão dos membros superiores e inferiores, ou então um enrijecimento de todo o corpo, sempre acompanhados de perda de consciência. Além destas, existem outras formas de crises sem movimentação, somente com um desligamento por segundos ou mais demoradas, e ainda outras mais sutis e do conhecimento do especialista.
A avaliação neurológica permitirá a compreensão adequada das características e será feita a investigação complementar no sentido de esclarecer e indicar o tratamento adequado. Para cada caso serão solicitados os exames necessários, mais especificamente, o eletrencefalograma, a tomografia do crânio e/ou a ressonância magnética cerebral. A maior parte dos quadros epilépticos costuma ter boa evolução respondendo bem à medicação anticonvulsiva, sendo mantida e controlada de acordo com a conduta médica.
É sempre importante esclarecer detalhadamente os familiares e conversar com a criança orientando os cuidados pertinentes. Desfazer os mitos sobre a epilepsia e procurar as informações científicas que o médico responsável lhes transmitirá.
Relator:
Saul Cypel
Departamento Científico de Neurologia e Neurocirurgia da Sociedade de Pediatria de São Paulo
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